O desenvolvedor Kosta Eleftheriou está em uma cruzada contra golpes, apps maliciosos e ilegais na App Store, a loja de aplicativos para iOS da Apple. Anteriormente ele já havia denunciado desenvolvedores que enganam os usuários, fazendo-os contratar assinaturas de apps inúteis que lhes custam centenas de dólares ao ano. Mas agora ele descobriu algo muito pior: cassinos escondidos dentro de apps infantis.

À primeira vista, Jungle Runner 2K21, do desenvolvedor “Colin Malachi”, era um simples jogo para crianças de 4 anos ou mais, onde o jogador controlava um macaco que corria em busca de bananas.

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Mas quando aberto por um usuário na Turquia, ele se transformava em um cassino completo, com jogos como roleta e um sistema de pagamentos próprio (algo proibido na App Store) que aceitava, além de cartões de crédito, criptomoedas como Ethereum, Litecoin e Bitcoin para pagamento das apostas.

Tecnicamente, jogos de azar são permitidos na App Store, desde que claramente identificados como tal e geograficamente restritos a países onde são permitidos pela lei. Não é o caso de Jungle Runner 2K21 nem da Turquia, onde jogos de azar online (exceto a loteria estatal) são proibidos desde 2006.

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E este não foi o único caso. O mesmo desenvolvedor tinha outro app chamado “Magical Forest”, que se disfarçava de quebra-cabeças infantil mas, da mesma forma, se transformava em um cassino quando acessado da Turquia.

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Outra desenvolvedora, “Marina Misko”, tem múltiplos jogos infantis na App Store que viram cassinos quando acessados na Rússia.

Neste caso, havia mais sinais de conduta irregular. O site do desenvolvedor era listado como ngs.ru, um grande jornal online na Rússia. E a política de privacidade, que é exigida de todo app listado na App Store, também apontava para o mesmo site.

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Obviamente, um cassino oculto não inspira confiança. Segundo Eleftheriou, nas avaliações do app pessoas dizem que depositaram grandes quantias com a promessa de um “bônus”, mas nunca receberam os valores prometidos.

A Apple e o Google estão sendo investigadas pelo congresso dos EUA por seu monopólio na distribuição de aplicativos para seus respectivos sistemas operacionais para smartphones.

A Apple tenta se defender alegando que sua loja protege os usuários, o que justificaria os 30% que cobra dos desenvolvedores por cada compra feita, algo que no ano passado lhe rendeu US$ 64 bilhões. As descobertas de Eleftheriou enfraquecem este argumento e dão munição para os críticos da empresa.

Fonte: The Verge