Um imenso pedaço de um foguete chinês irá cair de volta à Terra “em breve”, e ninguém pode dizer com certeza onde. O componente em questão é o primeiro estágio do Longa Marcha 5B que foi utilizado para colocar em órbita o primeiro módulo da estação espacial chinesa Tiangong, na semana passada. 

Após cumprir sua missão, a peça foi descartada em uma órbita elíptica ao redor de nosso planeta, que a coloca a 375 km de altitude no ponto mais distante e 170 km no ponto mais próximo.

Mas o atrito com a atmosfera no ponto mais baixo desta trajetória faz com que ela perca energia e se aproxime cada vez mais, até o momento em que irá executar uma reentrada descontrolada.

Lançamento do Longa Marcha 5B com o primeiro módulo da estação espacial chinesa. O primeiro estágio é onde estão os propulsores auxiliares.
Lançamento do Longa Marcha 5B com o primeiro módulo da estação espacial chinesa. O primeiro estágio é onde estão os propulsores auxiliares. Imagem: CNSA

Objetos de pequeno porte reentrando a atmosfera geralmente são incinerados pelo calor gerado com o atrito, mas o primeiro estágio do Longa Marcha 5B não pode ser considerado “pequeno”: ele tem 33 metros de comprimento e 5 metros de diâmetro, pesando 21 toneladas. Isso significa que uma parte considerável pode atingir “algum lugar” da Terra.

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Segundo o site SpaceNews, esta será uma das maiores reentradas descontroladas de uma espaçonave, e os destroços têm o potencial de atingir uma área habitada.

A inclinação orbital de 41,5 graus significa que o primeiro estágio passa um pouco mais ao norte de Nova York, Madri e Beijing, e mais ao sul da região sul do Chile e de Wellington, na Nova Zelândia.

A reentrada pode ocorrer em qualquer local nesta área, que inclui também o Brasil. Mas não devemos nos preocupar: a BRAMON, Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros, calculou que a probabilidade de que ele atinja algum ponto no território nacional é de apenas 4%.

Mas se algo atingir o solo, em qualquer parte do mundo, não será o primeiro estágio inteiro. Marcelo Zurita, diretor técnico da BRAMON, lembra que “uma grande parte do material do foguete é completamente vaporizado na reentrada. Geralmente, sobram apenas os tanques de combustível que recebem uma proteção térmica”.

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Considerando que 70% da superfície de nosso planeta é coberta por oceanos, é provável que o primeiro estágio do Longa Marcha 5B atinja um deles. Mas a possibilidade de que ele atinja terra firme, ou uma região habitada, ainda existe: em 1979, um erro de cálculo fez com que pedaços da primeira estação espacial norte-americana, a Skylab, atingissem o oeste da Austrália.

No início de março parte do foguete francês Ariane 44L, que decolou em 1992, reentrou nossa atmosfera sobre o norte do Brasil, gerando uma bola de fogo que foi vista nos céus do Ceará e do Pará, mais especificamente na região da capital, Belém. Não há registro de pedaços chegando ao solo. 

A China pretende concluir a construção da estação espacial Tiangong até 2022. Para isso serão necessárias mais 10 missões: duas para o lançamento de módulos adicionais, quatro missões tripuladas e quatro missões de carga. 

Fonte: SpaceNews