Em 365 d.C, a região do Mediterrâneo foi abalada por um dos maiores tremores de terra já vistos pela humanidade. O terremoto e subsequente tsunami teve uma magnitude estimada em 8.0 ou mais na Escala Richter e matou dezenas de milhares de pessoas, destruindo a cidade de Alexandria, no Egito, e várias outras ao  redor.

Contudo, novas pesquisas mostram que os acontecimentos foram um tanto diferentes do que se imaginava anteriormente. Seu legado sísmico, inclusive, pode não estar correto, o que pode significar mudanças drásticas para a modelagem dos terremotos e tsunamis que acontecem hoje na região.

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Atuais formações rochosas na cidade de Creta. Crédito: Richard Ott/AGU

O consenso dentro da comunidade científica era de que a zona de afundamento de uma placa tectônica sob a cidade de Creta havia causado um terremoto gigante. Porém, novas evidências demonstraram que, na verdade, uma série de falhas menores ao longo da costa de Creta pode ter sido a real causadora dos tremores, o que pode estar por trás das elevações rochosas encontradas nessa região hoje em dia.

“Nossas descobertas coletivamente favorecem a interpretação de que terremotos e tsunamis danosos no Mediterrâneo Oriental podem ter origem em falhas normais, destacando o risco potencial de terremotos de falha normal”, disseram os pesquisadores em seu artigo publicado na revista AGU Advances.

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Linhas de pesquisa

Para chegar a essas conclusões, os cientistas observaram as linhas costeiras fósseis expostas por levantamento sísmico e aplicando técnicas de datação por radiocarbono. Com isso, os pesquisadores foram capazes de “voltar no tempo” para descobrir com maior precisão como o solo realmente foi alterado para produzir a paisagem rompida.

Gráficos mostram a evolução das formações rochosas da região de Creta. Crédito: AGU

A elevação do solo ao redor das praias, que é de cerca de 9 metros, expôs e matou muitos animais marinhos de grande porte. Os esqueletos e conchas encontradas nesta área revelam pistas importantes sobre a biodiversidade da região e como ela foi afetada pelo terremoto. Foram encontrados fósseis de pequenos caracóis, vermes e corais em oito locais ao redor de Creta.

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Isso deu aos pesquisadores 32 novos pontos de dados em termos de idades geológicas. Então, eles usaram modelos de computador para ajustar datas e locais com possível atividade sísmica. Alguns relatos históricos sobre terremotos na área também foram levados em consideração na pesquisa.

Culpados vieram antes

Esses resultados sugerem que outros terremotos nos primeiros séculos do milênio são alguns dos prováveis culpados pela modelagem das cadeias rochosas da região. Ou seja, elas surgiram antes do lendário terremoto de 356 d.C, que era considerado o culpado até agora.

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Essa nova hipótese é apoiada por outras evidências, incluindo um aparente abandono do antigo porto de Falasarna, ocorrido em meados de 66 d.C. Mas a equipe alerta que esses dados não são conclusivos neste estágio. Isso significa que os as falhas normais nas placas tectônicas da região têm o potencial de causar mais destruição do que se pensava anteriormente.

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“Com base nessas descobertas e na melhor consistência com o registro de longo prazo da extensão da crosta terrestre na região, favorecemos uma origem de falha normal para o terremoto de 365 d.C e terremotos anteriores”, disseram os pesquisadores. “No entanto, notamos que mais pesquisas, e especialmente imagens geofísicas, são necessárias para compreender adequadamente os riscos da área”, completaram.

Segundo o Science Alert, isso não é apenas um simples fato curioso da história, uma vez que as previsões e modelos modernos de terremotos da área precisam ser ajustados. Agora, os pesquisadores querem ver mais medições sísmicas e gravações na região do Mediterrâneo, particularmente longe das linhas costeiras, que é onde a maior parte dos dados foi coletada.

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