A China e a Rússia anunciaram a intenção de conduzir missões conjuntas à Lua, posicionando astronautas em uma estação lunar dentro da próxima década. Embora os dois países não tenham admitido isso abertamente, essa ambição vem como resposta ao programa Artemis, da Nasa, que tem objetivos similares.

Segundo apresentação feita por representantes da Administração Nacional do Espaço Chinesa (CNSA) e a Roscosmos (a agência espacial russa) durante a conferência Global Space Exploration, em Moscou, o plano dos dois países tem três fases distintas, e envolvem a construção de uma rede de bases e satélites lunares.

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Imagem mostra a Terra vista da superfície da Lua
Missões em conjunto à Lua estão nos planos de China e Rússia, que planejam posicionar astronautas no satélite da Terra até a próxima década. Imagem: Elena11/Shutterstock

A duas primeiras fases deste plano são “majoritariamente preparatórias”, disse Wu Yanhua, diretor interino da CNSA: “Nós ainda estamos nos concentrando na exploração lunar não tripulada para os próximos 10 anos”, disse o diretor, quando questionado pela plateia se seriam enviados astronautas à Lua por parte dos dois países.

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A ideia da China e da Rússia realizarem missões conjuntas à Lua é relativamente nova – representantes das duas agências espaciais formalizaram publicamente uma parceria em março de 2021. Entretanto, essa proximidade simboliza uma nova corrida ao espaço, não muito diferente do que os EUA e a antiga União Soviética (URSS) fizeram durante a Guerra Fria, quando os russos “estrearam” este campo ao enviar o major Yuri Gagarin ao espaço em 1961. Os norte-americanos seguiram o feito algumas semanas depois, com Alan Shepard.

Isso porque a Nasa, agência espacial americana, está atualmente viabilizando tecnologia e equipamentos para o programa Artemis, cujo objetivo é fazer o homem retornar à Lua – especificamente, no pólo sul de nosso satélite – até o meio desta década: as primeiras estimativas falavam em pouso lunar tripulado até 2024.

Ao contrário do Artemis, que tem ampla participação da iniciativa privada – sobretudo empresas como SpaceX e Blue Origin -, China e Rússia não divulgaram parâmetros de participação externa na construção de equipamentos para suas missões futuras à Lua.

A parceria entre os dois países, porém, prevê a abertura de sua estação lunar internacional para “parceiros estrangeiros”, incluindo a própria Nasa: segundo o diretor geral da Roscosmos, Sergey Saveliev, os dois países estão “trabalhando em procedimentos legais dedicados à exploração da Lua”, prometendo uma versão inicial do documento para o final deste ano.

Vale lembrar, porém, que a Nasa já conta com o “Acordo Artemis”, uma série de prerrogativas relacionadas a boas práticas de cooperação internacional para exploração do espaço – e do qual o Brasil é signatário.

No que tange à agenda da China, Rússia e suas missões conjuntas à Lua, entre 2021 e 2025, os dois países farão pelo menos seis viagens ao satélite, com robôs e equipamentos não humanos, no intuito de encontrar locais propícios à instalação de bases e também a condução de “reconhecimento científico” – ou seja, pontos onde a coleta de amostras e outras pesquisas sejam favorecidas.

A partir de 2026 até 2035, começa a fase de construção, com “entregas massivas” de carga e o estabelecimento de estruturas e instalações aptas a receberem a vivência humana. Finalmente, em 2036, começa a fase final, de “pesquisa e exploração lunar, verificação de tecnologia, suporte a pousos lunares humanos com a estação lunar internacional completada, bem como a expansão e manutenção de módulos conforme demanda”, segundo um slide mostrado durante a apresentação.

Na última segunda-feira (14), o presidente russo Vladimir Putin fez eco ao discurso de parceria com os Estados Unidos. Pouco antes de seu encontro com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, Putin afirmou à BBC: “Nós estamos preparados para trabalhar com os EUA no espaço”.

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