Mesmo após 14 dias da aplicação da segunda dose da vacina contra a Covid-19, contando que se completou o ciclo de imunização, ainda segue sendo possível contrair e transmitir o vírus. Médicos e especialistas alertam que ocorre porque as vacinas atualmente disponíveis protegem contra o desenvolvimento de formas graves do coronavírus.

“Quando falamos da importância da vacinação não é que a pessoa vai estar totalmente livre de pegar a doença. Mas a chance dela ser internada, intubada e ter complicações cai expressivamente e assim combatemos a pandemia “, apontou Rosana Richtmann, infectologista do Hospital Emílio Ribas e do comitê de imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

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A especialista ressaltou que nenhuma vacina é 100% eficaz e que apesar das diferenças de eficácia das vacinas, todas disponíveis para vacinação atualmente possuem uma proteção para prevenção de casos moderados e graves entre 75-80% com as duas doses.

Por exemplo, um estudo sobre a CoronaVac, feito pelo Ministério da Saúde do Chile, apontou que ela é 67% efetiva na prevenção da infecção sintomática pela doença; 85% para prevenir internações e de 80% na prevenção de mortes pela Covid-19.

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Já duas doses da vacina Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19 podem ter cerca de 85% a 90% de efetividade contra o desenvolvimento da doença, segundo a Public Health England (PHE).

Além do tipo do imunizante, especialistas explicam que o principal fator que determinará o nível de proteção é o próprio organismo de cada paciente. Isso porque segundo a infectologista da Unicamp e consultora da SBI Raquel Stucchi, há três grupos de reações às vacinas: quem desenvolve uma boa formação da imunidade celular e não adoece; aqueles que criam resposta parcial e podem ter casos leves;  e uma minoria que desenvolve poucas células de defesa e pode ter casos moderados e graves.

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“Os pacientes que não desenvolvem imunidade a partir da vacina são na maioria idosos (devido ao processo de envelhecimento natural do sistema imunológico), imunodeprimidos e pessoas com comorbidades como obesidade e diabetes”, comentou Stucchi.

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O imunologista Daniel Mansur, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) comentou que quando tomamos a vacina treinamos nossas células para combater o vírus. Porém, em parte dos casos, as células de defesa treinadas contra o vírus acabam não sendo suficientes para combater o antígeno.

“O vírus não é uma entidade estática. Ele se multiplica, tem seus próprios mecanismos de defesa e vai usar de tudo para continuar se replicando. É uma “corrida armamentista”, e onde tiver menos resistência pode surgir a doença”, definiu Mansur.

Por conta dessa capacidade do vírus de infectar mesmo após a vacinação, a infectologista Raquel Stucchi ressaltou que a imunização é também importante para proteger outras pessoas e o próprio sistema de saúde: “A gente insiste que a vacinação não é um ato individual, mas coletivo. Com muita gente vacinada diminui as internações e tende a diminuir a circulação do vírus.”

Além disso, os especialistas alertam para a importância de tomar as duas doses e completar o ciclo de imunização. Atualmente, apenas 11,11% da população brasileira recebeu as duas doses da vacina.

Fonte: O Globo

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