“Alexa, pare”. “Alexa, me conte uma história”. “Alexa, faça um beatbox”. Essas frases podem parecer simples comandos enviados à assistente virtual da Amazon, Alexa, mas elas se tornaram verdadeiros pesadelos para pessoas com esses nomes.

Tanto que ao menos uma família no Reino Unido optou por mudar legalmente o nome de sua filha, na tentativa de acabar com o bulliyng que ela sofria, segundo reportagem da BBC.

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Você pode estar pensando que a medida é um pouco descabida, mas deve lembrar também que, atualmente, muitas crianças já não sabem mais o que é viver em um mundo sem a tecnologia de alto-falantes inteligentes e assistentes virtuais.

Para se ter uma ideia, só no Brasil o uso de dispositivos do tipo cresceu 47% durante a pandemia, segundo levantamento recente feito pela empresa de ciência de dados Ilumeo.

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De acordo com a Statista, estimativas mostram que o número de assistentes virtuais de voz chegará a 8,4 bilhões de unidades globalmente até 2024 – número este muito maior do que a população mundial.

Imagem mostra a fachada de um prédio da Amazon, com o logotipo da empresa no topo.
A assistente virtual da Amazon, Alexa, tem causado certo desconforto aos pais.
Crédito: Tada Images/Shutterstock

O relato foi dado à BBC por uma mãe que não teve seu nome identificado, mas que afirma que sua filha ouviu piadas de crianças e até mesmo de professores no Ensino Médio.

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“Ela começou a não querer frequentar as aulas por causa das piadas e da reação. Ela era e ainda é uma criança, mas os adultos achavam que não havia problema em brincar com ela. É devastador. A escola não ajudou e disse que ela precisava ser mais resiliente”, desabafou.

A mãe relata que decidir mudar o nome de sua filha foi uma decisão acertada, porque “ela está em uma situação muito melhor agora”.

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Mas a indignação permaneceu: “Claramente não há pesquisas éticas suficientes sobre o uso de Alexa”, afirmou ela.

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Além desse caso extremo, alguns outros pais teriam também protestando contra a Amazon, para que a empresa mude o padrão para ativação dos dispositivos – preferencialmente para um nome não tão humano.

É o caso de outra mãe, que também não teve seu nome divulgado pela publicação, mas que afirmou que sua filha de seis anos já estaria passando por algumas situações desconfortáveis por conta do nome Alexa.

“Ela me disse: ‘gostaria que as pessoas não soubessem meu nome'”, disse, ao relatar que muitas crianças mais velhas começaram a dizer comandos para que ela fizesse, da mesma forma que fazem com as assistentes. “As pessoas que compram esses dispositivos estão inadvertidamente aumentando o problema”, acredita esta mãe.

No Reino Unido, um levantamento aponta que ao menos 4 mil pessoas com menos de 25 anos se chamam Alexa.

O outro lado

A Amazon, por sua vez, emitiu um comunicado afirmando que “projetamos nosso assistente de voz para refletir as qualidades que valorizamos nas pessoas – ser inteligente, atencioso, empático e inclusivo”.

A empresa também relatou que a situação a “entristece”, mas que há a possibilidade de configurar palavras alternativas para que possam servir de padrão de ativação nos dispositivos – apesar de muitas pessoas não terem ideia sobre essa possibilidade.

“Estamos tristes com as experiências que você compartilhou e queremos ser muito claros: bullying de qualquer tipo é inaceitável e nós o condenamos das formas mais fortes possíveis”, disse a Amazon, também por comunicado.

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