A Federação de Atletismo dos Estados Unidos (USATF) confirmou na última terça-feira (6) que a atleta Sha’Carri Richardson não vai competir nos Jogos Olímpicos de Tóquio, que serão disputados entre 23 de julho e 8 de agosto de 2021. A velocista testou positivo para THC, substância presente na maconha, em seu exame antidoping. A suspensão da atleta gerou comoção e pedidos para que a cannabis seja retirada da lista de substâncias consideradas como doping esportivo.

A Agência Mundial Antidoping (Wada), é a associação que estabelece as diretrizes para as organizações esportivas em todo o mundo. O órgão considera como doping o uso de qualquer substância que tenha o potencial de melhorar o desempenho esportivo, viole o espírito esportivo ou represente risco para o atleta. A maconha se encaixaria neste último.

A velocista Sha'Carri Richardson
A velocista Sha’Carri Richardson disse ter usado maconha para lidar com a morte de sua mãe. Crédito: Patrick Smith/iStock

Posição polêmica

Alguns cientistas, como é o caso da professora de psicologia e neurociência da Universidade do Colorado, Angela Bryan, que estuda os riscos e benefícios da cannabis e do THC, defende que a substância não causa nem ganho e nem prejuízo na performance dos atletas. De acordo com ela, a literatura sobre o tema é bastante escassa, com a maior parte dos estudos datando dos anos 1970.

Além disso, esses estudos possuem alguns furos, como por exemplo, a potência do produto fornecido para os estudos, que tinham níveis de THC muito menores do que os dos produtos encontrados nas ruas, o que faz com que sejam necessários novos estudos, com utilização de técnicas mais modernas e produtos “do mundo real”.

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Certos em um ponto

Porém, a pesquisadora concorda, mesmo que em partes, com a Wada em um aspecto. Segundo ela, produtos que possuam altas concentrações de THC não são bons para o cérebro, principalmente para jovens e pessoas com histórico de casos de psicose na família. Porém, ela defende que os efeitos não são muito diferentes ou mais graves do que os causados pelo álcool, por exemplo.

Por conta do baixo número de evidências acerca do uso de maconha e a melhora ou piora do desempenho esportivo, além do fato da substância ser legal na maior parte dos estados dos EUA e em alguns países, como o Canadá e o Uruguai, Bryan acredita que a maconha não deve mais ser considerada doping para atletas de elite.

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Porém, ela contemporiza que os atletas devem tomar bastante cuidado e não utilizar cannabis antes de competir, por exemplo. Mas o uso recreativo no tempo ocioso ou como um antiinflamatório e relaxante muscular para depois das competições não seria um grande problema. Para ela, o parecer da Wada é muito mais social do que científico.

Com informações do Medical Xpress

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