Um estudo apresentado na conferência de geoquímica Goldschmidt afirma que a Terra primitiva sofreu bombardeios de asteroides do tamanho de uma cidade cerca de 10 vezes mais do que se pensava anteriormente. As rochas espaciais, semelhantes ao asteroide que dizimou os dinossauros há 66 milhões de anos, caíram no nosso planeta, em média, a cada 15 milhões de anos entre 2,5 e 3,5 bilhões de anos atrás.

“Desenvolvemos um novo modelo de fluxo de impacto e comparamos com uma análise estatística de dados da camada esférica antiga. Com essa abordagem, descobrimos que os modelos atuais dos bombardeios da Terra subestimam gravemente o número de impactos conhecidos, conforme registrado pelas camadas esféricas. O fluxo de impacto poderia ter sido até um fator 10 vezes maior do que se pensava anteriormente no período entre 3,5 e 2,5 bilhões de anos atrás. Isso significa que naquele período inicial, provavelmente estávamos sendo atingidos por um impacto do tamanho do causado na cratera de Chicxulub (no México) em média a cada 15 milhões de anos. Um espetáculo e tanto!”, detalhou a pesquisadora Dra Simone Marchi, do Southwest Research Institute, que fica na cidade de Boulder, nos Estados Unidos.

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“À medida que aprofundamos nossa compreensão da Terra primitiva, descobrimos que as colisões cósmicas são como um elefante na sala. Elas são frequentemente negligenciadas, pois não temos um conhecimento detalhado de seu número e magnitude, mas é provável que esses eventos energéticos tenham fundamentalmente alterado a evolução da superfície da Terra e da atmosfera“, completou ela.

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Um dos pontos observados pelos cientistas é se essas colisões podem ter afetado a evolução do oxigênio atmosférico. “Descobrimos que os níveis de oxigênio teriam flutuado drasticamente no período de impactos intensos. Dada a importância do oxigênio para o desenvolvimento da Terra e, de fato, para o desenvolvimento da vida, sua possível conexão com as colisões é intrigante e merece uma investigação mais aprofundada. Essa é a próxima etapa do nosso trabalho”, explicou a Dra Simone Marchi.

Asteroides “perturbaram” a Terra

A Dra. Rosalie Tostevin, da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, concorda que esses grandes impactos de asteroides certamente teriam causado alguma perturbação para a Terra: “Infelizmente, poucas rochas tão longínquas sobrevivem, então as evidências diretas dos impactos e de suas consequências ecológicas são irregulares. O modelo proposto pela Dra. Marchi nos ajuda a entender melhor o número e o tamanho das colisões na Terra primitiva”.

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A pesquisadora também destaca que alguns marcadores químicos sugerem que havia “sopros” de oxigênio na atmosfera primitiva, antes de uma ascensão permanente há cerca de 2,5 bilhões de anos. “Mas há um debate considerável em torno do significado desses ‘sopros’, ou mesmo se eles ocorreram. Temos a tendência de nos concentrar no interior da Terra e na evolução da vida como controles do equilíbrio de oxigênio da Terra, mas o bombardeio com rochas do espaço oferece uma alternativa intrigante”.

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