A situação é corriqueira. Você está saído da garagem e, em um momento de distração, acaba raspando a lateral do seu carro em uma pilastra. Agora imagine que o veículo tem uma pintura capaz de se regenerar e suportar esses arranhões. Pode soar um tanto futurista, mas é uma das eventuais aplicações de materiais com “autocura” que poderão ser vistos na indústria automotiva em um futuro não tão distante assim.
Em artigo na Automotive World, Ben Smye, chefe de crescimento da Matmatch – plataforma que conecta engenheiros e fornecedores de materiais -, escreveu sobre avanços no desenvolvimento de componentes capazes de se regenerar e possíveis usos em veículos.
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Smye comenta que engenheiros criaram materiais autorreparáveis que funcionam de maneira similar ao sistema vascular de folhas. Materiais com essa propriedade podem vir a conter uma espécie de agente cicatrizante que é liberado nesse rede vascular no caso de uma ruptura ou de um impacto, como no exemplo do arranhão que citamos no primeiro parágrafo.

Os resultados mais expressivos até o momento são nos polímeros de autocura, chamados de polímeros intrínsecos, que podem se reparar sem estímulos externos. Em suma, esses materiais contam com ligações químicas reversíveis que viabilizam a recuperação de suas propriedades originais.
Possíveis aplicações
São diversos os usos que os materiais autorreparáveis podem ter. Na indústria automotiva, eles poderiam ser utilizados na composição de tintas capazes de suportar arranhões ou resistir à corrosão. Outra aplicação interessante seria nos pneus.
Pesquisadores da Universidade de Harvard desenvolveram uma borracha resistente e autorreparável que pode se “curar” distribuindo tensões ao redor do material. Na teoria, um pneu feito com esse composto que eventualmente se rasgasse poderia assegurar que a superfície fosse minimamente preservada, tornando possível que o carro continuasse a rodar sem a troca imediata do componente.

A má notícia, porém, é que, ao menos por ora, é difícil replicar esse tipo de comportamento em metais, um dos principais componentes de veículos. Smye explica que, por conta da composição química e da maneira como os átomos se unem em metais, é mais complexo estabelecer propriedades de regeneração neles. Por isso, pesquisadores têm se focado no estudo dos polímeros.
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