A ciência considera esponjas que datam de cerca de 540 milhões de anos atrás, no início do Período Cambriano, como os fósseis de animais mais antigos do nosso planeta. Um estudo publicado na Nature, no entanto, levanta a possibilidade de tubos pálidos semelhantes a vermes, que datam de 890 milhões de anos (Era Neoproterozóica), serem antigas esponjas do mar e, portanto, os primeiros animais da Terra.

A geóloga Elizabeth Turner, da Laurentian University em Sudbury, no Canadá, encontrou a rede de tubos pela primeira vez em 1992, nas rochas do antigo recife de cianobactérias Little Dal, nas montanhas Mackenzie, no Canadá. “Achei uma coisa que estava totalmente fora do lugar. Era muito mais complexo em termos de estrutura do que qualquer coisa que pudesse ser feita por cianobactérias”, afirmou ela.

“Crucialmente, esses fósseis implicariam que os animais surgiram em condições ambientais anteriormente consideradas impraticáveis ​​para a vida animal. É possível que as primeiras esponjas tenham surgido muito antes do resto da vida animal e permanecido em uma espécie de ‘estase evolutiva’ em condições de baixo oxigênio, com a evolução posterior de animais mais complexos tendo que esperar até que o gás se tornasse mais abundante”, detalhou a geóloga.

Fragmento do esqueleto de uma esponja-de-banho
Fragmento do esqueleto de uma esponja-de-banho. Créditos: Elizabeth Turner/Nature

“Os cientistas já sabem sobre tipos estranhos de fósseis no recife Little Dal há algum tempo. E esperávamos dos relógios moleculares que as esponjas estivessem presentes no início da era neoproterozóica (entre 1 bilhão de anos e 541 milhões de anos)”, concordou James Schiffbauer, paleobiólogo da Universidade de Missouri, em Columbia, nos Estados Unidos, referindo-se a análises genéticas que estimam que as esponjas evoluíram bem antes do período cambriano. “Foi apenas uma questão de encontrá-los, se realmente estivessem preservados”.

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“Precisamos procurar material semelhante em rochas de idade semelhante e com uma mente realmente aberta. E também precisamos procurar evidências animais mais complexas nelas em vez de apenas organismos mais simples como micróbios”, completou Elizabeth Turner.

Imagem microscópica mostra os tubos claros, semelhantes a vermes, de supostos fósseis de antigas esponjas do mar, encontrados em rochas de 890 milhões de anos
Imagem microscópica mostra os tubos claros, semelhantes a vermes, de supostos fósseis de antigas esponjas do mar, encontrados em rochas de 890 milhões de anos. Créditos: Elizabeth Turner/Nature

Paleobiólogo duvida da possibilidade

O que sabemos é que no início da história da Terra a maior parte do oceano carecia de oxigênio. Até que o Evento de Oxidação Neoproterozóica trouxe os níveis de oxigênio atmosférico para dentro de 10 a 50 por cento dos níveis modernos, aumentando a quantidade de oxigênio em águas superficiais do oceano.

“Mas as esponjas são diferentes de outros animais. Algumas esponjas no mundo moderno e no registro das rochas são conhecidas por serem tolerantes a oxigênio comparativamente baixo em relação aos níveis dos oceanos modernos”, detalhou Turner na pesquisa.

Contudo, o paleobiólogo Jonathan Antcliffe, da Universidade de Lausanne, na Suíça, não acredita na possibilidade levantada pelo novo estudo. “Organismos de qualquer lugar na árvore da vida podem fazer pequenas estruturas tortuosas [ramificando-se e reunindo-se]. Os fósseis não possuem características, como partes do esqueleto mineralizadas chamadas espículas, que identificariam as criaturas como esponjas”, pontuou ele.

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