Não apenas no Brasil, como em diversos países, o combate a fake news em relação as vacinas da Covid-19 têm sido incisivo e constante. No entanto, mesmo com toda a orientação e apoio das redes sociais – responsáveis por grande parte dessa disseminação – muita gente ainda tem dúvidas sobre os imunizantes e relutam em tomar, atrapalhando assim, a campanha de vacinação e o objetivo de controle da pandemia do coronavírus.

As vacinas vêm se desenvolvendo há pelo menos 225 anos. O primeiro imunizante, criado pelo médico britânico Edward Jenner, erradicou e livrou a população da varíola, em meados dos anos 80. Este foi o primeiro, de muitos exemplos seguintes, da eficácia e benefício que as vacinas podem trazer à população de forma coletiva.

Segundo informações da Agência Brasil, estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que as vacinas contra doenças como difteria, sarampo, coqueluche, poliomielite, rubéola e tétano evitam hoje de duas a três milhões de mortes no mundo.

Hoje no Brasil, de acordo com dados divulgados pelo consórcio dos veículos de imprensa, quase metade (46,38%) da população brasileira já foi vacinada com a primeira dose e, apenas 18,65% receberam a segunda dose – ou a dose única – completando assim o esquema vacinal. O número ainda é pequeno, principalmente se comparado a outros países. Uma pesquisa recente feita pelo Portal R7 revelou que quase 20% da população com idade entre 50 e 59 anos ainda não foi imunizada, justamente o público que nos últimos três meses está concentrando o maior número de mortes por Covid-19.

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Especialistas atrelam o baixo número ao medo potencializado por mitos que circulam na web e também a pouca campanha e orientação a determinados grupos. Abaixo, confira seis mitos relacionados a vacina e se livre do medo de se imunizar e, de quebra, da desinformação.

homem sendo vacinado
A vacinação é o único método conhecido até o momento para proteger contra o vírus e suas variantes. Imagem: Shutterstock

1. A vacina da Covid-19 afetará a fertilidade da mulher

Mito. Como a maioria dos mitos, esse começou na internet. O medo era que, com a vacina, o sistema imunológico não conseguisse diferenciar a proteína do vírus e a da placenta, e atacasse a célula responsável pela fertilidade. Entretanto, isso é mentira!

De acordo com o Medical Xpress, as duas proteínas são muito diferentes e, os testes clínicos feitos pela Pfizer, por exemplo, tiveram 23 mulheres voluntárias que engravidaram após tomar a vacina. Além disso, os benefícios da vacinação superam os riscos de infecção em mulheres grávidas.

2. Já tive Covid-19, então não preciso de vacina

Um mito daqueles! A reinfecção com o vírus SARS-CoV-2, que causa a Covid-19, é possível e cientificamente comprovada. A vacina não impede a reinfecção, mas aumenta sua proteção contra uma forma grave do vírus, fazendo com que você tenha sintomas leves, caso contraia a doença.

Ainda não se tem dados suficientes a respeito da proteção natural contra o vírus, no entanto, estudos sugerem que somente a vacinação, bem como receber as duas doses, asseguram uma proteção mais forte, garantida e completa. Assim como a duração dos anticorpos naturais estão sendo estudados, a durabilidade da eficácia da vacina também, sendo, inclusive, considerada uma terceira dose para reforço no futuro.

3. Os efeitos colaterais da vacina da Covid-19 são piores que ter o vírus

Um mito maior que o outro! Reações às vacinas existem desde que a vacina foi criada, isso porque o organismo de cada pessoa responde de forma diferente aos imunizantes, bem como a qualquer medicamento. É absurdo e até desrespeitoso com quem, infelizmente não resistiu à Covid-19, dizer que os efeitos colaterais da vacina – que são leves – podem ser piores do que contrair o próprio vírus, que pode ser fatal.

As reações incluem: febre baixa, dor no braço, fadiga e geralmente diminuem após um a três dias.

Efeitos colaterais raros, como coágulos sanguíneos, foram relatados com a vacina Johnson e Johnson, e são considerados uma exceção. Exceções não excluem a regra de reações leves. Além disso, as chances de ocorrer esse tipo de efeito colateral devido a vacina são baixas, ao contrário da doença, que também pode causar coágulos e tem taxas de 8 a 10 vezes maiores de acontecer em uma infecção natural do que com a vacina.

Alergias: dificilmente ocorrem reações alérgicas pelas vacinas, o caso é, devido o baixo número, considerado raro. Pessoas que tem histórico de reações alérgicas, geralmente já conhecem o tipo de composto que causa a reação e, assim, a recomendação é obter orientação médica junto com a bula dos imunizantes, disponíveis no site oficial da Anvisa. Geralmente, reações alérgicas que pessoas desconheçam causam sintomas quase que instantâneos – como anafilaxia -, o que conclui que, neste caso, a pessoa terá um atendimento rápido.

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4. As vacinas têm um microchip que rastreia e controla um indivíduo

É preciso dizer que é um mito? É um mito! A ideia estapafúrdia faz parte de uma teoria da conspiração disseminada por ‘antivaxers’ que acreditam que o magnata Bill Gates implantará microchips para rastrear o movimento das pessoas, usando a vacina como método de aplicação. Isso não é verdade e foi, inclusive, esclarecido por Gates na mídia.

O mito ganhou força quando um vídeo na internet viralizou ao mostrar um microchip opcional nos rótulos das vacinas ou seringas usadas para as aplicações das doses. O que os internautas não entenderam é que, o objetivo deste microchip é confirmar se o injetável e a vacina não são falsificados e não estão vencidos. Também irá confirmar se a injeção foi usada, ou seja, faz parte do rótulo, e não do produto. A tecnologia serve para garantir a segurança e não violação dos imunizantes.

5. Fizeram a vacina muito rápido, por isso não pode ser eficaz

Mito! Como já mencionado, as vacinas estão entre nós há mais de 200 anos, de lá para cá muita coisa mudou. A chegada da tecnologia é uma das coisas que fez com que não apenas pesquisas e vacinas dessem um salto, como em todo setor de saúde.

A urgência em se ter uma vacina, bem como a rapidez para produzi-la, se deu graças a eficiência de médicos, cientistas e pesquisadores em identificar a informação genética do SARS-CoV-2 e, assim, começar o processo mais rapidamente. Por nunca termos passado por tal situação antes, na verdade, tanto esses profissionais, como outros da área da saúde, merecem nosso respeito e gratidão. Além disso, é esse tipo de situação que confirma ainda mais a importância dos investimentos em pesquisas e saúde.

As mídias sociais também fizeram parte do fenômeno, já que através delas foi possível facilitar o recrutamento de voluntários para os ensaios clínicos.

6 A vacina vai alterar o meu DNA

Clássico mito por falta de informação! Os boatos começaram devido as novas vacinas, chamadas de vacinas de 3° geração, que envolvem uma tecnologia mais avançada, como a de RNA mensageiro (Pfizer e Moderna). A explicação para tal fake news é simples e biológica: imagine um cofre no centro da sua casa, dentro dele estão guardados seus pertences mais preciosos, certo? Assim é o núcleo onde está localizado o nosso DNA, lá são produzidas diversas proteínas e, por isso, é biologicamente muito bem guardado pelo corpo.

A vacina de RNA leva a informação para a produção de proteínas já pronta. A presença do RNA no citoplasma já codifica a informação e produz a proteína ali mesmo. Assim, não há passagem, necessidade ou acesso da vacina a esse local do corpo humano, já que elas fazem seu trabalho na parte de fora, em outras camadas, digamos assim. Portanto, assim não é possível alterar o DNA.

Com informações do Medical Xpress

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