Enquanto todos estavam esperando que a Nintendo anunciasse uma sequência para ‘The Legend of Zelda: Breath of the Wild’, a Big N nos apresentou uma versão remasterizada de outro jogo da franquia. ‘Skyward Sword HD’ chegou para o Switch dez anos depois do seu lançamento original para Wii.
O plano da Nintendo pode ter frustrado muitos fãs da marca, mas faz justiça à um jogo que por muito tempo não recebeu a devida atenção, dentro de uma série que está entre as mais amadas dos games. O décimo sexto ‘The Legend of Zelda’ é um produto da sua época, e não poderia ganhar um relançamento à altura, se não fosse agora, no Switch. E isso traz suas vantagens e desvantagens à remasterização.
Toda plataforma da Nintendo tem pelo menos um jogo ‘Zelda’, e cada um deles traz um elemento diferente. ‘Skyward Sword’ se propôs a ser o primeiro na linha do tempo da franquia (embora cada jogo pertença a seu próprio universo), contando as origens de Hyrule, Ganon e muitos elementos apresentados em jogos anteriores. O mais importante: o jogo serviria como vitrine para o MotionPlus do Wii, um acessório que dava ao controle de movimentos do console uma nova camada de sensibilidade.
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Por isso, a jogabilidade de ‘Skyward Sword’ gira em torno das possibilidades do controle de movimentos do Wii. Balance-o para sacar a espada, e com movimentos verticais, horizontais, diagonais e de perfuração combata os inimigos. A versão para Wii do jogo anterior, ‘Twilight Princess’ (originalmente lançado para o GameCube) já tinha alguns desses recursos, mas no caso de ‘Skyward Sword’ não era uma adaptação, mas parte fundamental da experiência de jogo.
E por isso, um relançamento do título para WiiU ou Nintendo DS parecia algo sem sentido. Até a chegada do Switch e seus Joy-cons, muito mais versáteis do que o antigo MotionPlus. Com um controle em cada mão, o jogador sente-se como empunhando uma espada e um escudo, desviando de golpes e atacando de maneira mais fluida até do que foi imaginado originalmente em 2011. Parece até que ‘Skyward Sword’ sempre esteve destinado ao Switch.
Já há alguns anos, a Nintendo vem correndo por fora em termos de capacidade de processamento a cada nova geração de console. Seus aparelhos estão sempre um passo atrás em comparação com o Playstation e o Xbox da vez. Mas isso pouco importa para a Big N, que compensa o menor poderio de processamento com direção de arte de design muito mais refinados. Embora simples comparado com jogos atuais, ‘Skyward Sword’ é belíssimo – o que compensa a falta de evolução técnica. Até parece que os gráficos de dez anos atrás foram uma escolha estética.
Costumo brincar que mesmo o pior jogo de ‘The Legend of Zelda’ é melhor do que muita coisa que está por aí. ‘Skyward Sword’ está longe de ser o pior e sua versão HD para o Switch melhorou muito o game em vários pontos. Mas de forma alguma isso o livra de críticas, algumas inclusive bem sérias e que podem afetar a decisão de compra do jogador. Vamos a elas.
Em primeiro lugar, ‘Skyward Sword HD’ só vale mesmo a pena se você tiver a versão tradicional do Switch. No Switch Lite, com os controles presos à tela do console, você vai perder toda experiência dos controles de movimento. A Nintendo até adaptou o jogo para um modo mais tradicional de jogo, mas é tudo muito frustrante. Não dá, por exemplo, para andar e mover a câmera ao mesmo tempo. O controle da espada é feito com o analógico direito, uma solução que está longe de ser a ideal – especialmente no combate contra inimigos mais difíceis, como os chefões.
O que parece é que a Nintendo quer que você jogue mesmo com o joy-con – e deu pouca atenção para alternativas, como o Pro Controller ou até mesmo a opção mobile do console, com os controles presos à tela. É tanto assim que nem o touchscreen é aproveitado, que poderia até ser uma solução melhor para os golpes com a espada, algo meio ‘Fruit Ninja’.
Outro problema seríssimo, e bem particular aqui do Brasil, é o preço. ‘Skyward Sword HD’ está disponível por R$ 299 em sua versão digital na loja online da Nintendo. Esse é o mesmo preço dos outros jogos ‘Zelda’ para o Switch: ‘Link’s Awakening’ e ‘Breath of the Wild’. Este último, não só o melhor jogo da franquia, como um dos melhores games de todos os tempos. Então, se você não tem nenhum ‘Zelda’, e só tem dinheiro para comprar um título, essa está longe de ser uma escolha muito difícil.
O preço salgado e a limitação dos controles acaba transformando ‘Skyward Sword HD’ em objeto de desejo quase que apenas dos fãs da franquia. O que é uma tremenda pena, pois o jogo é muito divertido e belíssimo, mas novamente – por questões alheias ao seu desenvolvimento – pode acabar preterido na nova geração.