Empresa CSAT Solutions é acusada de promover exploração excessiva de funcionários

Ex-funcionários falam em baixo salário, poucos banheiros e nenhum ar condicionado em loja que presta serviços a Apple, Dell e Lenovo
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 30/07/2021 12h08, atualizada em 02/08/2021 09h27
Imagem mostra trabalhador de Bangladesh, vivendo em condições exploratórias de trabalho
Imagem: StevenK/Shutterstock
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A assistência técnica CSAT Solutions é acusada por ex-funcionários de oferecer um ambiente de exploração excessiva de trabalho. Segundo relatos publicados pelo The Insider, a empresa, que presta assistência técnica terceirizada para empresas como Apple, Dell e Lenovo, entre outras, tem poucos banheiros para seu volume de funcionários, além de pagar-lhes um salário quase irrisório e não oferecer ar condicionado.

A situação parece ser tão complicada que tais condições, inclusive, trazem impacto na vida pessoal dos funcionários: uma ex-colaboradora comentou, por exemplo, que devido à regra que proíbe o uso de telefones mesmo em caso de emergências pessoais, só foi descobrir que seu filho havia passado o dia no hospital por sofrer queimaduras quando saiu do trabalho.

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Imagem mostra a linha de assistência técnica da empresa CSAT Solutions, que é acusada de praticar exploração excessiva na oferta de assistência técnica para Apple, Dell e Lenovo
A CSAT Solutions presta serviço de assistência técnica para Apple, Lenovo e Dell, e é acusada de oferecer condições exploratórias a seus funcionários. Imagem: CSAT Solutions/Divulgação

Segundo a reportagem, os novos contratados entravam sob uma falsa sensação de segurança e prestígio, já que a CSAT Solutions usava o nome das empresas para quem presta serviços a fim de elevar a sua imagem pública. A exploração excessiva, porém, chegava cedo: de acordo com o relato das pessoas entrevistadas, elas recebiam entre US$ 12 (R$ 61,08) e US$ 14 (R$ 71,26) por hora de trabalho, e não raro, trabalham em turnos que ultrapassam as 60 horas semanais devido a metas praticamente impossíveis de serem batidas.

Segundo o último censo estadunidense, a cidade de Houston, Texas, onde a loja está localizada, tem custo médio de US$ 142,41 (R$ 726,36) apenas para as contas de base, ou seja, água, luz, mercado e moradia própria (o valor sobe em caso de residência alugada). De acordo com o mesmo censo, o salário mínimo no estado do Texas é de US$ 7,25 (R$ 37,10) a hora.

Ao The Verge, um porta-voz da CSAT Solutions disse que a empresa “obedece aos mais altos padrões de ambiente de trabalho” e que “leva muito a sério” reclamações do tipo, prometendo investigar o material internamente. Ao mesmo site, a Apple disse que “se certifica de que todos em sua cadeia de fornecedores sejam protegidos e tratados com dignidade e respeito”, prometendo, também, uma investigação.

A Dell fez comentário similar, dizendo que “as alegações estão sendo levadas a sério e serão inteiramente investigadas”. A Lenovo não comentou.

A reportagem do Insider ainda cita uma prática comum da Apple, especificamente, onde a empresa de Cupertino faz visitas rotineiras às suas prestadoras de serviço, mas ela não comentou se fez qualquer descoberta no caso da CSAT Solutions e sua exploração excessiva. Entretanto, é importante ressaltar que as visitas da Apple são agendadas com antecedência, o que em tese daria tempo para empresas terceirizadas “maquiarem” o local.

Plataformas de “reviews trabalhistas”, como Glassdoor e Indeed, fazem eco às acusações, avisando visitantes das páginas sobre a baixa remuneração, metas quase inatingíveis e horas excessivas. Outras postagens ainda mencionam a falta de limpeza dos poucos banheiros disponíveis e a ausência de ar condicionado.

Finalmente, a página da CSAT Solutions conta com uma listagem de vaga onde afirma, na descrição, que “funcionários devem estar prontos para trabalhar horas extras”, sem especificar volume de horas ou motivo.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital