O excesso de nascimento de bebês do sexo masculino em alguns países com cultura patriarcal, onde ter um “filho homem” é praticamente mandatório. Além de, possivelmente, ter gerações futuras com populações predominantemente masculinas, o que pode ser um sério problema para a estabilização ou crescimento populacional, muitos fetos femininos são rejeitados ou abortados.

Uma equipe internacional de pesquisadores, que envolvem cientistas de Estados Unidos, Arábia Saudita, Singapura e Índia prevê que pressões sociais para abortar fetos do sexo feminino, em detrimento de filhos homens em algumas culturas, vão desequilibrar significativamente a demografia da população de países inteiros já nas próximas décadas.

Tendo como base as tendências atuais, pode haver até 4,7 milhões de nascimentos femininos rejeitados em países onde é preferível se ter um filho homem até 2030. Segundo os resultados da pesquisa divulgada no BMJ Global Health, até o ano 2100, esse número pode chegar a assustadores 22 milhões, lembrando que estamos falando só de alguns países.

Esses números têm como base bilhões de registros de nascimentos de 12 países que são conhecidos por terem relações definidas como sexistas para recém-nascidos. Segundo os pesquisadores, um total de 45 milhões de nascimentos femininos foram rejeitados entre 1970 e 2017, sendo 95% deles decorrentes da Índia e da China.

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Discriminação pré-natal

Duas meninas de frente uma para a outra com as mãos encostadas
Discriminação sexual pré-natal pode causar sérios problemas sociais e comportamentais no futuro. Crédito: Evgenyrychko-Shutterstock

Esse processo até ganhou um nome, “discriminação sexual pré-natal”. Segundo os pesquisadores, isso acaba criando um ciclo vicioso de desigualdade de gênero, onde o fato de os filhos homens serem preferidos em detrimento às filhas mulheres, leva a uma superpopulação masculina, o que pode ocasionar uma dificuldade desses homens encontrarem uma parceira, quando adultos.

Os cientistas alertam que, além de um problema para a estabilização ou crescimento populacional, essa desbalanceamento entre homens e mulheres pode levar ao aumento de episódios de violência contra as mulheres e uma piora no tratamento às mulheres, com questões como casamentos obrigatórios ou níveis elevados de comportamento anti-social.

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Segundo os pesquisadores, para quebrar esse ciclo, seria necessário um monitoramento mais próximo da demografia dos recém-nascidos nos países relevantes. Além disso, segundo eles, também seria necessário criar legislações que melhorem as proteções legais para mulheres e meninas para que elas não sejam negligenciadas ou maltratadas ao longo de suas vidas.

Com informações do Futurism

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