Anistia Internacional acusa governo de promover desmonte de práticas ambientais

Em relatório, ONG classifica o aquecimento global como um problema de direitos humanos e pede que o congresso crie medidas de contenção
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 13/08/2021 18h28, atualizada em 16/08/2021 11h29
Imagem mostra a bandeira do Brasil em formato de fumaça
Imagem: vladm/Shutterstock
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A Anistia Internacional classificou o aquecimento global como um problema de direitos humanos, afirmando ainda que o governo brasileiro promove o desmonte de práticas ambientais. A ONG também pede que o congresso adote medidas de contenção climática, como zerar emissões de carbono e proteger biomas e regiões florestais.

As informações são parte do relatório intitulado “Parem de Queimar Nossos Direitos”, divulgado hoje (13) e que avalia a falta de ação de vários governos do mundo em relação ao combate ao aquecimento global.

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A queima de combustíveis fósseis e a emissão de gases nocivos ao meio ambiente estão entre as práticas mais perigosas de alimentação ao aquecimento global, mesmo com medidas de contenção sendo tomada por alguns países. Imagem: Por samoila ionut/Shutterstock

“As instituições financeiras, como os bancos, administradores de ativos e companhias de seguros, devem parar de financiar e investir em novos projetos, atividades e indústrias que impulsionam a expansão dos combustíveis fósseis e o desmatamento”, diz trecho do relatório.

“Essas instituições devem eliminar gradualmente os financiamentos e investimentos existentes, em um cronograma alinhado com o imperativo de 1,5°C, assegurando que os financiamentos e investimentos para os combustíveis fósseis e as formas de produção mais poluentes, tais como o carvão, a turfa, o fracionamento e as areias asfálticas, sejam eliminados o mais rápido possível de forma responsável ou, no máximo, até 2030 nos países industrializados ricos e até 2040 em todos os outros países”, segue o documento.

À Folha de São Paulo, a diretora executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, disse: “As autoridades públicas no Brasil têm contribuído para que haja um desmonte da agenda ambiental, mas não há mais espaço para o negacionismo. A vida de brasileiros e brasileiras deve vir em primeiro lugar. Exigimos que o governo do presidente Jair Bolsonaro e o Congresso Nacional atue para atenuar os efeitos das mudanças climáticas sobre a população brasileira e implementem políticas públicas de conservação da natureza e proteção dos direitos humanos”.

Entretanto, a base governista parece seguir um caminho contrário: segundo o Metrópoles, um projeto de lei autorado pelo deputado Delegado Waldir (PSL-GO) busca reduzir a área protegida que pertence ao Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, no norte de Goiás. A medida, se aprovada, suplantará decreto emitido pelo ex-presidente Michel Temer, que preza pela conservação da região florestal.

Conforme você acompanha em nossa cobertura, o aquecimento global tem afetado a sociedade em vários aspectos: na indústria alimentícia, ele pode levar à extinção de peixes comuns ao nosso cardápio; na logística, estão faltando bombeiros para atender a chamados nos EUA devido ao aumento de incêndios florestais, enquanto a medicina mostra que ele pode aumentar casos de desidratação – especialmente na terceira idade.

Segundo o relatório da Anistia Internacional, países com maior índice de emissão de CO₂ (gás carbônico) têm uma responsabilidade maior para reduzir o aquecimento global. EUA, China, Rússia, Japão, bem como a União Europeia, devem assumir uma posição de preservação ambiental, levando seus aliados a agirem da mesma forma.

“Para resolver essa crise, que é global, é preciso que a responsabilidade de agir seja compartilhada por todos e todas. Todos os países precisam fazer alguma coisa urgente, sejam os países mais ricos do mundo, sejam aqueles em desenvolvimento, como o Brasil, sejam os países mais pobres do mundo. Todo mundo tem o que fazer, todo mundo deve fazer. Se omitir nesse momento é uma violação extrema dos direitos humanos”, disse Werneck.

O relatório da Anistia pode ser baixado gratuitamente na página oficial da ONG.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital