Startup sueca organiza viagem com dirigível ao Polo Norte

Ressuscitando aventura do século XIX, OceanSky Cruises organiza expedição de luxo ao Polo Norte com dirigível híbrido; cabine é R$ 1,3 milhão
Por Lucas Berredo, editado por Gabriel D. Lourenço 23/08/2021 16h14
Imagem 3D do dirigível Airlander, da OceanSky
OceanSky Cruises/Divulgação
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Quem leu na infância “Cinco Semanas em um Balão”, de Júlio Verne, certamente reteve na imaginação um desejo de sobrevoar o mundo em um dirigível, aventurando-se por territórios desconhecidos e obscuros. Dirigíveis saíram dos holofotes no início do século 20, mas uma startup sueca está disposta a ressuscitar o plano do escritor francês — e de forma mais arrojada. A OceanSky Cruises planeja, a bordo de um dirigível, organizar viagens de luxo até o Polo Norte.

As reservas inclusive estão abertas, mas o preço da cabine para duas pessoas é salgado: US$ 232.845, o equivalente a R$ 1,3 milhão em conversão direta. A primeira expedição está prevista para 2023 ou 2024.

“Esperamos fazer a diferença na maneira como as pessoas viajam no futuro e vemos um grande potencial nos aeróstatos [aeronaves mais leves que o ar como balões e dirigíveis] como uma opção acessível para viagens confortáveis, elegantes e limpas para passageiros conscientes”, diz o piloto comercial Carl-Oscar Lawaczeck, CEO da OceanSky.

Candidato é conceito de pesquisa militar dos Estados Unidos

Embora a empresa não tenha divulgado seu veículo oficial, o Airlander, dirigível fabricado pela Hybrid Air Vehicles (HAV), é (por enquanto) o único candidato para a missão. Uma década atrás, a HAV desenvolveu um conceito de dirigível de grande escala como parte de um programa de pesquisa militar para os EUA. Após a aeronave ser descartada pelo governo americano, a empresa britânica começou a trabalhar em um plano para reaproveitá-lo. Disso, nasceu o Airlander.

“Dirigíveis podem transportar cargas comparáveis às de alguns aviões comerciais, mas usam apenas uma pequena fração de energia para transportá-los na mesma distância”, explica Lawaczeck, que trabalhou para companhias aéreas como a SAS.

Um ponto negativo é que os dirigíveis são bem mais lentos que aviões comerciais, mas na opinião do empresário sueco, isso pode ser uma vantagem. Isso porque a ideia da viagem com ares de cruzeiro transatlântico é justamente oferecer a possibilidade de vislumbrar a fauna ártica do Polo Norte do alto do dirigível.

“Podemos descer a 300 pés, até 100 pés, se necessário, tão lento quanto uma bicicleta, para oferecer aos passageiros um vislumbre desses habitats polares”, argumenta.

Vista aérea do dirigível da OceanSky
Quer uma vista dessas? Basta pagar R$ 1,3 milhão por uma cabine para duas pessoas (OceanSky/Divulgação)

Pompa e sustentabilidade

Apesar da inspiração no século 19, o dirigível da OceanSky não terá nada de vintage: internamente, são 16 cabines semelhantes a quartos de hotéis, com tecnologia de última geração. A ideia de Lawaczeck, na verdade, é tornar a expedição uma espécie de “piquenique na calota polar”, com uma tripulação de sete pessoas para fazer o serviço de bordo — incluindo um chef.

“Não temos uma limitação espacial como um avião, então podemos fazer coisas interessantes com as cabines. O design terá a ver com o lado patrimonial do projeto e vai evocar a era dos dirigíveis”, explica.

Instalações do dirigível Airlander, da OceanSky
Expedição ao Polo Norte tem ares de cruzeiro de luxo (OceanSky/Divulgação)

Além disso, diferente dos zepelins da 1ª Guerra Mundial, Lawaczeck se diz determinado a não deixar resíduos ou vestígios de carbono no local. O empresário conta como seu interesse por dirigíveis surgiu, em grande parte, do interesse em pesquisar formas de voar com baixas emissões.

“A ideia da OceanSky é tornar a aviação sustentável”, diz Lawaczeck, que mira adotar veículos 100% elétricos no futuro — o Airlander vai operar com trem de força híbrido. “Para ter um impacto nas mudanças climáticas, precisamos dimensionar nossas operações e também penetrar em outros segmentos de mercado.”

A cidade de Svalbard, extremo norte da Noruega, vai servir de base para o cruzeiro aéreo. Além da expedição, a OceanSky planeja realizar também viagens experimentais com dirigíveis para transporte de carga.

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Redator(a)

Lucas Berredo é redator(a) no Olhar Digital

Gabriel D. Lourenço é redator(a) no Olhar Digital