Já imaginou um lugar que simule exatamente todas as condições de um planeta diferente do nosso, onde os visitantes possam viver experiências similares às de uma verdadeira viagem extraterrestre? Aqui no Brasil, mais precisamente no sertão do Rio Grande do Norte, funciona o Habitat Marte, única estação análoga ao Planeta Vermelho de todo o Hemisfério Sul.

Habitat Marte: única estação análoga a Marte do Hemisfério Sul fica no nordeste do Brasil. Imagem: Divulgação Habitat Marte

Trata-se de uma iniciativa do professor do Departamento de Engenharia da Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Júlio Rezende, inspirada na estação norte-americana Mars Desert Research Station (MDRS), coordenada pela Mars Society, organização sem fins lucrativos de advocacia espacial dedicada ao encorajamento da exploração e colonização do nosso planeta vizinho.

Segundo Rezende, o trabalho é resultado da investigação desenvolvida durante seu pós-doutorado, financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). O professor explica que a intenção principal do projeto é fazer do local um núcleo laboratorial de pesquisas que possam, no futuro, proporcionar a colonização do planeta.

Estação Habitat Marte reproduz as condições do planeta para exploração 

Localizado no meio da caatinga nordestina, na zona rural da cidade de Caiçara do Rio do Vento (RN), a 100 km da capital Natal, o Habitat Marte tem todas as condições necessárias para ser ocupado durante o tempo de exploração dos visitantes, em um espaço físico de 360 metros quadrados.

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Missões presenciais na estação Habitat Marte voltaram neste ano, após mais de um ano de missões exclusivamente virtuais em razão da pandemia. Imagem: Divulgação Habitat Marte

Na estação, os exploradores realizam estudos simulados sobre o solo, o clima e a atmosfera marciana, tudo devidamente uniformizado com trajes espaciais fornecidos pelo programa.

Já são mais de 400 participantes, num histórico de quase 80 missões brasileiras e internacionais, entre virtuais, híbridas e presenciais. A primeira aconteceu em 2017, e no ano passado, devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19, começaram as versões online. Agora, as missões presenciais estão sendo retomadas, seguindo todos os protocolos necessários.

“O Habitat Marte é um dos projetos mais inovadores no estímulo ao desenvolvimento de competências sobre o espaço e sustentabilidade”, diz Rezende.

Tem início a 80ª missão análoga a Marte

Nesta segunda-feira (23), começa a missão análoga a Marte de número 80, que vai até o dia 8 de setembro. Parte da missão será virtual e parte presencial. São cinco dias virtuais de preparo para o período de imersão, momento presencial que acontece entre os dias 3 e 7 de setembro. No dia 8, o encerramento acontecerá de forma virtual, à distância.

“A missão Hydra acontecerá com parte da equipe participando nas instalações físicas da estação Habitat Marte na zona rural da cidade de Caiçara do Rio do Vento, no estado do RN e com outros participantes realizando atividades à distância, havendo reuniões de trabalho entre os dois grupos de participantes”, explica o professor Julio Rezende.

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Segundo ele, a missão Hydra tem esse nome por conta de atividades de pesquisa diversas envolvendo prática e estudo sobre freediving (mergulho livre, sem cilindro de oxigênio, aplicando técnicas respiratórias) e princípios de sobrevivência em ambiente aquático em áreas remotas. Além disso, serão aplicadas técnicas meditativas e experimentais associando a ausência de gravidade na água com as experiências no espaço. 

A missão 80 conta com a participação de professores e alunos de São Paulo, Pernambuco e Rio Grande do Norte. 

Quem tiver interesse em participar, ainda dá tempo de se inscrever. De acordo com Rezende, ainda resta uma vaga para pessoas interessadas em experienciar a vida em uma estação espacial análoga e participar em experiências de simulação de um astronauta, associada a atividades de mergulho.

Para garantir essa vaga, basta clicar aqui e se inscrever. Mas, se não der tempo, não é preciso se preocupar: outras missões estão agendadas até o fim do ano, conforme o calendário abaixo:

Imagem: Divulgação Habitat Marte

Nas missões virtuais, os participantes são convidados a se imaginar como astronautas responsáveis pelo funcionamento de uma estação em Marte. Essa estação apresenta sete infraestruturas: Estação Central, Estufa, Central Elétrica, Centro de Saúde, Centro de Engenharia, Centro de Lançamento e Centro de Saneamento. 

Só na modalidade virtual, já são mais de 40 missões, com mais de 300 participantes de 32 países, desde estudantes do ensino médio a cientistas de carreira avançada. “A dinâmica proposta proporciona um grande intercâmbio de conhecimentos”, explica Rezende.

Entre as atividades promovidas no Habitat Marte, os participantes têm estufas voltadas à produção de alimentos e aprendem protocolos de
manutenção dos sistemas de produção de alimentos. Imagem: Divulgação Habitat Marte

“Os participantes serão gestores e pesquisadores dessas infraestruturas imaginando características e atividades durante o período da missão”, explica o professor.

A estação espacial análoga Habitat Marte atualiza semanalmente as informações sobre missões, realizações, resultados e oportunidades, por meio das redes sociais @HabitatMarte, pelo site  ou pelo telefone: (84) 99981-8160.

Astrônoma amadora que detectou quatro asteroides para a Nasa participará de uma das missões do Habitat Marte

Lorrane Olivlet, aquela astrônoma amadora que apresentamos a vocês em junho, participará de uma das missões. “Eu tive a oportunidade de ganhar uma bolsa para uma missão análoga a Marte no Habitat Marte e estou extremamente grata com essa oportunidade, pois será a minha primeira chance de vivenciar alguns dias como se estivesse em Marte”, disse Lorrane, em declaração ao Olhar Digital.

Lorrane Olivlet, brasileira que descobriu quatro asteroides em uma noite
Lorrane Olivlet, astrônoma amadora brasileira que detectou quatro asteroides em projeto da Nasa, participará de uma das missões análogas a Marte. Imagem: Arquivo pessoal

“O interessante é que eles simulam tudo: missão extraveicular, temos que desenvolver projetos,  gestão da água, produção de energia renovável, produção da própria comida, tudo o que puder imaginar”, afirma a astrônoma amadora. “Tem a parte da botânica também, eles têm uma estufa lá… enfim, é bem legal, e eu estou muito empolgada”.

Lorrane está tentando levantar fundos para pagar as passagens e a hospedagem. Para isso, ela está vendendo o PDF de seu livro “Meu primeiro contato com o Céu”, escrito com base nos conteúdos coletados ao longo dos anos como palestrante.

“Em 2017, eu resolvi começar a juntar tudo para ter um material físico para utilizar nas palestras. O livro tem como foco fazer esse primeiro contato das pessoas com os nossos vizinhos cósmicos, do Sistema Solar. Meu objetivo foi de fazer um material que pudesse abranger todas as idades e incentivar as pessoas a conhecerem sobre os vizinhos da Terra”, explica Lorrane.

Quem quiser ajudar, basta entrar em contato com a astrônoma por meio de suas redes sociais (YouTube, Instagram ou Facebook) ou pelo email [email protected].

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