Duas novas espécies de “espinossauro” – um tipo de dinossauro carnívoro que viveu no início do período cretáceo (145 milhões a 66 milhões de anos atrás) – foram descobertas por paleontólogos britânicos. Os fósseis dos dinossauros foram escavados na Ilha de Wight, no Reino Unido, a cerca de 145 km de Londres e foram detalhados em um novo paper escrito pela Universidade de Southampton.

A região é rica em fósseis dos mais variados tipos: entre 2013 e 2017, cerca de 50 fósseis foram retirados, graças à área conhecida como “Formação de Wessex”, uma divisão geológica que data do começo do período cretáceo e que está bem exposta, facilitando a entrada de paleontólogos e arqueólogos para estudos. Foi nessa região que eles descobriram o fóssil surpreendentemente completo do Baryonix, que estabeleceu a Ilha de Wight como um ponto de alto interesse dos especialistas.

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Imagem mostra um fóssil do "Ceratosuchops inferodios", um dos dois dinossauros descobertos no Reino Unido
O “nariz” de um Ceratosuchops inferodios, dinossauro descoberto da Ilha de Wight, ao sul da Inglaterra (Imagem: Chris Barker/University of Southampton/Reprodução)

De acordo com Chris Baker, paleontólogo da Universidade de Southampton e co autor do paper, os dois fósseis encontrados, porém, diferem não só do Baryonix, mas também entre si, o que sugere que a região traz “uma diversidade animal ainda maior do que se pensava”, segundo o próprio.

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O co autor do paper, Darren Naish (paleontólogo especialista em dinossauros do gênero Spinosauridae, pertinente às duas descobertas), disse que o resultado é, ao mesmo tempo, esperado e surpreendente: “Já faz algumas décadas desde que nós sabemos que dinossauros desse tipo estavam aqui, esperando serem descobertos, mas encontrar os restos mortais de dois animais em tamanha proximidade foi mesmo uma surpresa”.

Os dinossauros classificados como “espinossauros”, comuns ao Reino Unido mas já descobertos por todo lugar (incluindo o Brasil), eram carnívoros predadores conhecidos pela mandíbula alongada, similar à de um jacaré. Especialistas estimam que esse formato os ajudava a capturar presas tanto em terra como sob a água, o que faz da sua dieta extremamente variada.

“Uma dieta generalista ou variada pode ter incluído uma ampla gama de presas aquáticas e terrestres e era potencialmente influenciada por tamanho individual ou habitat [dos dinossauros]”, diz trecho do estudo publicado na Scientific Reports. “Existe a sugestão de os ‘espinossaurídeos’ se tornaram majoritariamente aquáticos durante suas evoluções e que a sua taxonomia aprendeu a engajar em específicas predações sob á agua”.

As duas novas espécies foram nomeadas “Ceratosuchops inferodios” (traduzindo: “Garça infernal com cara de crocodilo”) e “Riparovenator milnerae” (“Caçador da margem dos rios”). Isso porque o comportamento desse tipo de dinossauro se assemelha muito ao das garças, que se alimentam de peixes, anfíbios pequenos e crustáceos nas margens de rios (onde elas não precisam mergulhar), mas também são conhecidas por “abocanhar” roedores e alguns insetos em terra firme.

Os fósseis em si estavam amplamente incompletos, mas isso não impediu os seus descobridores de estimarem uma média de nove metros de tamanho para ambos os animais. O estudo dos especialistas também sugere que o gênero spinosauridae – que inclui os dois dinossauros do Reino Unido – evoluíram primeiro na Europa antes de migrarem para outros continentes.

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