Os Estados Unidos estão reparando um aumento no uso de cannabis resultante da legalização da planta para fins recreativos. A informação é de acordo com um estudo conduzido na Escola Mailman de Saúde Pública da Universidade de Columbia e os resultados mostraram que a aprovação das leis levou a um aumento no consumo da maconha em 2020.

No entanto, a partir de 2017, a legalização não levou ao uso mais frequente ou transtorno por uso de cannabis entre algumas pessoas. Ademais, nenhuma mudança no uso foi observada nentre negros não hispânicos ou entre indivíduos de 12 a 20 anos dos grupos raciais/étnicos, para os quais o uso de cannabis continua ilegal. 

“Até este estudo, pouco se sabia sobre as mudanças nos resultados do uso de cannabis por raça ou etnia após a aprovação de leis de cannabis recreativa entre os estados que já haviam aprovado leis de uso de cannabis medicinal ,” argumentou Silvia Martins, professora associada de epidemiologia na Columbia Mailman School, e primeira autora.

Em janeiro de 2021, 15 estados e Washington, DC legalizaram totalmente o uso da maconha para adultos com mais de 21 anos e outros 21 estados legalizaram a cannabis medicinal. “Além disso, como um dos objetivos declarados da legalização da cannabis é combater as desigualdades raciais na aplicação da legislação sobre a cannabis, é fundamental examinar os padrões de uso no contexto de disparidades raciais e étnicas persistentes nas detenções e encarceramento por cannabis”, continuou.

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Através de dados das Pesquisas Nacionais de Uso de Drogas e Saúde de 2008-2017, entre setembro de 2019 e março de 2020, os pesquisadores estudaram um total de 838.600 entrevistados, dos quais 65% se identificaram como brancos não hispânicos, 12% como negros não hispânicos, 16%.como hispânicos e 8% como outra raça ou etnia.

Já em 2020, o uso da maconha aumentou após a promulgação das leis de cannabis recreativa ao comparar com o período anterior a promulgação da legislação de uso recreativo da plantas: pessoas hispânicos (12% a 15%), outros indivíduos (15% a 18,5% ) e brancos não hispânicos (17% a 19%). 

Maconha Cannabis
hanohiki/Shutterstock

“A promulgação de leis recreativas sobre a maconha é muitas vezes enquadrada como uma questão de justiça social e racial”, comentou Martins, que também é diretor da Unidade de Epidemiologia do Uso de Substâncias da Columbia. 

Ele explicou que “historicamente, a regulamentação e a criminalização de substâncias nos Estados Unidos possui como alvo substâncias associadas a grupos marginalizados.” Com isso, os dados mostram que em 2018 a prevalência do uso de cannabis ao longo da vida foi menor para adultos negros não hispânicos em comparação com adultos brancos não hispânicos, por exemplo.

“Este estudo contribui para a nossa compreensão das mudanças raciais e étnicas no uso de cannabis que ocorrem após a legalização do uso adulto de maconha nos EUA, além dos efeitos políticos atribuíveis às leis de cannabis medicinal”, disse Martins.

De acordo com ele, estudos de longo prazo serão necessários em todos os grupos raciais e étnicos para observar se o uso diário de maconha e do transtorno permanece ou não inalterada: “É muito cedo para ver aumentos nas chances de transtorno por uso de cannabis, uma vez que essa transição entre os usuários pode ocorrer apenas vários anos após o uso regular de cannabis. ”

Fonte: EurekAlert