Review: ‘Kena: Bridge Of Spirits’ é como uma animação da Pixar “jogável”

Renato Mota05/10/2021 15h42, atualizada em 05/10/2021 16h14
Kena: Bridge Of Spirits
Ember Lab/Divulgação
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Antes de começar o desenvolvimento do seu primeiro jogo, ‘Kena: Bridge Of Spirits’ – lançado para PlayStation 4 e 5, além de PC – o pessoal da Ember Lab já tinha um objetivo claro em mente: contar histórias imersivas e envolventes. Além de comerciais, o estúdio ganhou reconhecimento pela produção dos curtas ‘Majora’s Mask – Terrible Fate’ (um fan film do personagem Skull Kid de ‘The Legend of Zelda: Majora’s Mask’) e ‘Dust’.

Por isso, não é à toa a sensação que ‘Kena: Bridge Of Spirits’ é uma “animação jogável”, não no sentido de gameplay, mas de enredo e ambientação. O design do jogo é muito bonito, bem como a animação e a trilha, enquanto o enredo é bem amarrado e progressivo, e mesmo as sidequests têm um desenvolvimento próprio. O game consegue combinar narrativa com exploração, resolução de quebra-cabeças e combate rápido de modo que o tempo lá fora passa e o jogador nem percebe.

E tudo é feito com muito bom gosto e, especialmente, sensibilidade. Por trás da sua capa fofinha de animação da Pixar, ‘Kena: Bridge Of Spirits’ lida com temas sérios como a morte, traumas e o luto. No jogo, a protagonista Kena é uma jovem Guia Espiritual (como foi seu pai antes dela) que orienta espíritos perdidos a fazer a passagem para o outro mundo. Em busca de um santuário sagrado da montanha, ela encontra uma vila abandonada, tomada por uma energia espiritual corrompida, e duas crianças que estão buscando ajuda para salvar seu irmão mais velho. Mais do que isso já entramos no campo dos spoilers, e boa parte da graça está em descobrir os segredos do que aconteceu junto com Kena.

De cara, em vários aspectos – desde a estrutura básica da narrativa até a jogabilidade em si – ‘Kena: Bridge Of Spirits’ me lembrou muito, mas muito mesmo, um dos meus jogos preferidos dos últimos anos: ‘Hellblade: Senua’s Sacrifice’. Direção de arte muito bem cuidada, trilha sonora incrível, uso de mitologia fantástica para abordar assuntos pesados (como morte e doenças mentais) e uma protagonista mulher que passa por uma jornada espiritual de combates e quebra cabeças. A diferença é que o que ‘Kena’ tem de fofo, ‘Hellblade’ tem de sinistro.

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No combate, Kena conta com seu bastão e seus poderes como Guia Espiritual. Com em ‘Hellblade’, ‘Dark Souls’ e outros games do gênero hack ’n slash, vencer as lutas exige bom domínio das habilidades de defesa e esquiva, bem como saber a hora certa de atacar e recuar para se curar. Não se deixe enganar pelo visual bonitinho do jogo, já que os espíritos abandonados (que não conseguiram completar sua passagem) conseguem causar bastante dado e bem rápido. E no caso dos chefões, multiplique essa dificuldade por dez e some cenários e trilha sonora épica.

Kena: Bridge Of Spirits
Nas batalhas com os chefões, ‘Kena’ perde boa parte da fofura. Imagem: Ember Lab/Divulgação

Kena, porém, tem a ajuda de aliados nesses momentos. Dezenas deles. Os Rot são bichinhos fofinhos da floresta que seguem a protagonista, e você pode (e deve) coletá-los ao longo do caminho. Também dotados de energia espiritual, os Rot podem ser usados como arma ou ordenados a cumprir tarefas simples que Kena não consegue, como acionar comandos à distância ou mover objetos. E para completar, você pode coletar ou comprar chapéus para vestir nos seus Rot. Prepare-se para, nos próximos meses, uma invasão de pelúcias, roupas e todo tipo de merchandising desses bichinhos por aí.

Os poderes espirituais de Kena e dos Rot também são utilizados na exploração do game. ‘Kena: Bridge Of Spirits’ não é exatamente um jogo de mundo aberto, ou um metroidvania, mas há muito a ser encontrado e aprofundado, e você poderá voltar algumas vezes para o mesmo lugar no mapa com novas habilidades e conhecimentos. Kena ainda pode relíquias ritualísticas dos mortos que permitem que ela enxergue elementos sobrenaturais no cenário e consiga resolver alguns dos puzzles.

Kena: Bridge Of Spirits
Bota esses Rots pra trabalhar. Imagem: Ember Lab/Divulgação

A Ember Lab começou com o pé direito sua caminhada do mundo das animações para a indústria dos games. ‘Kena: Bridge Of Spirits’ pode não ser um dos jogos mais inovadores do ano em termos de gameplay, mas definitivamente é um dos mais bonitos e conta com uma das narrativas mais tocantes entre os lançamentos recentes. Os Rot têm tudo para serem alguns dos mascotes mais populares dos games (podem ser tanto um Baby Yoda quanto os Ewoks, a depender da recepção ou rejeição do público).

Já a própria Kena além de ser um exemplo positivo para todos os jovens que experimentarem o jogo (especialmente as meninas), com sua bondade e generosidade, pode nos dar valiosas lições sobre como nem sempre é possível ajudar todo mundo o tempo todo. A cópia de ‘Kena: Bridge Of Spirits’ utilizada nesse review foi gentilmente cedida pela Ember Lab.

Kena: Bridge Of Spirits
A arte e os cenários de ‘Kena’ são inspirados no leste asiático. Imagem: Ember Lab/Divulgação

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Redator(a)

Renato Mota é redator(a) no Olhar Digital