Cientistas da Universidade de Queensland, na Austrália, descobriram estrelas lançando ondas de rádio inesperadamente, o que pode, segundo eles, indicar a existência de planetas ocultos nas proximidades.

Benjamin Pope, físico e professor da Universidade, juntamente com membros do observatório nacional holandês ASTRON, tem procurado planetas usando o radiotelescópio mais poderoso do mundo, o Low Frequency Array (LOFAR), que fica na Holanda.

Estudo utilizou um poderoso radiotelescópio para identificar sinais de rádio de 19 estrelas anãs vermelhas. Imagem: Marko Aliaksandr – Shutterstock

“Nós descobrimos sinais de 19 estrelas anãs vermelhas distantes, quatro dos quais são mais bem explicados pela existência de planetas que as orbitam”, disse Pope. “Há muito sabemos que os planetas do nosso próprio sistema solar emitem ondas de rádio poderosas à medida que seus campos magnéticos interagem com o vento solar, mas os sinais de rádio de planetas fora do nosso sistema solar ainda não tinham sido captados”.

Ele diz que “esta descoberta é um passo importante para a radioastronomia e pode potencialmente levar à descoberta de planetas por toda a galáxia”.

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Se antes os astrônomos só eram capazes de detectar as estrelas mais próximas em emissão de rádio constante, agora, os radioastrônomos conseguem ver estrelas antigas e, dessa forma, pesquisar quaisquer planetas ao redor dessas estrelas.

A equipe se concentrou em estrelas anãs vermelhas, que são muito menores que o Sol e conhecidas por terem intensa atividade magnética que impulsiona chamas estelares e emissão de rádio.

No entanto, de acordo com o site Phys, algumas estrelas velhas e magneticamente inativas também apareceram, desafiando a compreensão convencional.

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Existência de novos planetas ainda deve ser confirmada

Joseph Callingham, da Universidade de Leiden e membro do ASTRON, é o autor principal da pesquisa, que foi publicada na Nature Astronomy. Ele diz que a equipe está confiante de que esses sinais vêm da conexão magnética das estrelas e planetas em órbita invisíveis, semelhante à interação entre Júpiter e sua lua Io.

“Nossa própria Terra tem auroras, comumente reconhecidas aqui como as luzes do norte e do sul, que também emitem ondas de rádio poderosas – isso se deve à interação do campo magnético do planeta com o vento solar”, disse ele.

“Mas, no caso das auroras de Júpiter, elas são muito mais fortes porque sua lua vulcânica Io está lançando material para o espaço, enchendo o ambiente do planeta com partículas que impulsionam auroras excepcionalmente poderosas”, explicou.

“Nosso modelo para essa emissão de rádio de nossas estrelas é uma versão ampliada de Júpiter e Io, com um planeta envolto no campo magnético de uma estrela, alimentando material em vastas correntes que fomentam auroras brilhantes de maneira semelhante”, revelou Callingham. “É um espetáculo que atraiu nossa atenção”.

Agora, a equipe de pesquisa pretende confirmar os planetas propostos. “Não podemos ter 100% de certeza de que as quatro estrelas que pensamos ter planetas são de fato hospedeiras, mas podemos dizer que uma interação planeta-estrela é a melhor explicação para o que estamos vendo”, disse Pope.

“Observações posteriores descartaram planetas mais massivos do que a Terra, mas não há nada que diga que um planeta menor não faria isso”, acredita. As descobertas com o LOFAR são apenas o começo, mas o telescópio só tem a capacidade de monitorar estrelas que estão relativamente próximas, a até 165 anos-luz de distância.

Com o radiotelescópio Square Kilometer Array da Austrália e da África do Sul finalmente em construção, que se acredita estar ligado em 2029, a equipe prevê que será capaz de ver centenas de estrelas relevantes a distâncias muito maiores.

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