Instalada na Zona Franca de Manaus, a Drop foi primeira fabricante brasileira de patinetes elétricos. A empresa enviou ao Olhar Digital o topo de sua linha para testarmos: o patinete com banco Drop Jetter 48v, que foi lançado em agosto passado.

Nesta resenha, não estou avaliando o veículo enquanto objeto de lazer, mas opção de mobilidade urbana. Patinetes, e-bikes e scooters elétricas talvez sejam o futuro do transporte urbano, mais que carros, elétricos ou não, autônomos ou não. E o Jetter é apresentado pela Drop como ideal para mobilidade urbana.

Experiência única

Jetter no parque. Nota: esse não sou eu (Divulgação)

O Jetter é uma espécie de híbrido. Está em algum lugar entre patinetes elétricos simples, muito mais baratos, e mini-scooters (“lambretas”) elétricas. É um veículo único: patinetes tem uma prancha central, scooters são para ir sentado com as duas pernas na frente. No Jetter, você vai com os pés sobre pedais – quem se lembrar da saudosa Walk Machine está no caminho certo.

O design também é único não só na forma. Patinetes elétricos ainda tem um certo estigma (injustificado) um brinquedo carregando gente grande. Esse definitivamente não parece um brinquedo: disponível nas cores vermelho e preto ou branco e preto, tem um visual imponente (para um patinete), com linhas sólidas e angulosas. Um estilo esportivo que sugere energia. Ao longo dos testes, o Jetter virou alguns pescoços.

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Esses testes duraram quase um mês. Neles, usei o patinete Drop Jetter como meu meio de transporte principal. E exigi um tanto dele: meus 95 kg de peso pandêmico puseram a máquina para trabalhar nas ruas ladeiras do bairro da Aclimação, em São Paulo, quase sempre com o peso adicional de compras numa mochila. Isso fica no limite superior dos 120 kg de peso máximo especificado pelo fabricante.

Pegar e andar

A primeira sensação ao montar no Jetter é que a solidez não fica só nas aparências. É um veículo de quase 30 kg, todo em metal, que parece bem firme sob os pés. Nada ameaça sair do lugar durante o uso, mesmo maltratando um pouquinho (e maltratei).

Você vira a chave e as luzes do painel se acendem, mostrando bateria, velocímetro e um odômetro. Aí é mexer no acelerador e, sem som nenhum, ele se move – com força considerável, então não faça como eu e tente acelerar sem estar preparado, ou ele escapa da sua mão.

Painel do patinete Drop Jetter
Painel do patinete Drop Jetter (Divulgação)

Leva alguns minutos para pegar o jeito. As rodas pequenas, de 10 polegadas e pneus infláveis, tornam o patinete Drop Jetter meio manhoso para controlar às baixas velocidades típicas de quem começou a usar. A direção tende ao zigue-zague. Mas isso vai até você pegar o jeito e ter a firmeza para controlá-lo. Também percebi que é mais fácil controlar o Jetter de pé do que sentado no banco.

O banco, aliás, pode ser completamente removido para quer quer só usar como patinete. Mas, pela posição dos pedais, não atrapalha em nada se você preferir ir de pé e mantê-lo para uns momentos de cansaço. Tanto o banco quanto o guidão podem ser dobrados para guardar.

Quanto a acelerar, o motor de 500 W sem dificuldade foi aos 45 km/h de máxima (limitada por software), inclusive num leve aclive. Nessa velocidade, numa rua meio áspera típica, as vibrações e o trânsito (mais disso adiante) me deixaram meio receoso. O ponto de conforto que encontrei foi entre 20 km/h a 35 km/h.

Falando em bicicleta, é como a autoridade de trânsito brasileira o considera: é um sub-ciclomotor (e-bike), que não exige emplacamento ou habilitação. Ainda que o veículo tenha, em tese, velocidade o suficiente para andar no trânsito de ruas de bairro, você deve usá-lo não como uma moto, mas bicicleta, de preferência em ciclovias. Na falta, pelo acostamento.

Em alguns momentos em que o trânsito e a largura da rua me forçou a usar a calçada, preferi empurrar com meus pés, como um patinete clássico, porque a força do motor torna fácil colidir com pessoas.

É possível, aliás, usar um pouco de pé e um pouco de motor. O controle de velocidade, com 3 opções, é bastante preciso. O acelerador é sensível o suficiente para, depois que você se acostuma, regular precisamente a velocidade, mesmo deixando no máximo. Então raramente precisei usar menos que a configuração máxima.

Cuidado com o trânsito

Sempre usando a velocidade 3, forcei a vida do patinete em algumas ladeiras. Achei um limite para ele em trechos realmente íngremes. Para ter ideia do que estou falando, pense uma ladeira realmente desconfortável de subir a pé. Nessas situações, a velocidade cai até não haver como equilibrar mais, e o jeito é ajudar com o pé.

Ainda que o veículo não tenha dado conta, o motor não chegou a esquentar demais, então ao menos parece seguro achar o limite na geografia de cada lugar.

Detalhe da traseira do patinete Drop Jetter
Detalhe da traseira do patinete Drop Jetter, onde fica o motor (Divulgação)

Em subidas mais generosas, o patinete Drop Jetter conseguiu chegar a 20 km/h sem dificuldades. Isso foi com ou sem compras na mochila, que jogavam meu peso para acima de 100 kg.

Para andar no trânsito, há uma lanterna traseira que atua também como luz de freio. Só funciona com o farol dianteiro ligado, então a recomendação é sempre ligar o farol.

Uma coisa se revelou um transtorno para andar na rua: o patinete Drop Jetter não tem retrovisores. O jeito é manter as orelhas atentas e olhar para trás, encostando no meio-fio. É possível instalar um retrovisor de bicicleta, mas não há uma opção de fábrica.

Quanto à autonomia, o prometido são entre 35 km a 40 km. Na prática, nas pequenas viagens que fiz dentro do bairro e suas ladeiras, em um mês inteiro, precisei carregar uma única vez – o que, numa conta imprecisa, parece coincidir com o limite inferior.

O carregamento leva um pouco menos que três horas, e é feito em qualquer tomada comum de 125 ou 230 V. O carregador esquenta um tanto, mas nada alarmante.

Detalhe frontal do patinete elétrico Drop Jetter
Detalhe frontal do patinete elétrico Drop Jetter (Divulgação)

Testei ainda o Jetter um pouquinho fora da estrada – um mero campinho de futebol, não uma trilha. Não tem do que reclamar: funcionou tão bem quanto no asfalto. A suspensão deu conta do recado.

Seu bolso e seu gosto

Agora, a parte ruim: a um considerável investimento de R$ 8.990, o preço entra com dois pés no território das motos convencionais. A Shineray SH 125 Worker, a moto mais barata do Brasil, custa R$ 7.290, quase empatado com a Honda Pop 110i, a R$ 7.330. A diferença pagaria uma habilitação.

Também há opções tentadoras com mais potência nominal que os 500 W do Jetter nessa faixa de preço – mas características e, talvez, qualidade diferentes.

Por outro lado, o combustível é um fator a por na conta: carregar um patinete assim é praticamente negligível financeiramente, ficando menos de R$ 1 por mês. E o preço acaba de ser revisado bem para cima pelo fabricante. No momento em que esta matéria é escrita, ainda é possível encontrar o Drop Jetter por menos de R$ 7 mil em lojas comuns.

Se você quer um transporte mais robusto e vistoso que um patinete típico, para o bairro ou para ir ao trabalho, e se as ciclovias, o relevo ou até seu peso ajudam, o Drop Jetter definitivamente é viável, Não dá para dizer que é potente, mas é competente.

Agora, se o assunto é prazer de dirigir, só há o que elogiar: é pura diversão andar com o Drop Jetter por aí. uma experiência tirada do baú da infância. E, talvez, no fim das contas, seja mesmo esse o fator decisivo.


Patinete Drop Jetter 48v

Especificações

Peso: 28 kg

Dimensões: 112x55x113cm

Preço sugerido: R$ 8.490

Aro: 10 pol

Motor: 48v, 500 W

Bateria: Lítio 10 Ah

Autonomia: máx. 40 km

Peso máximo: 140 kg

Velocidade máxima: 45 km/h

Preço sugerido: R$ 8.990

Nota

Design: ⭐⭐⭐⭐☆

Qualidade material: ⭐⭐⭐⭐⭐

Desempenho: ⭐⭐⭐☆☆

Custo/benefício: ⭐⭐☆☆☆

Avaliação: ⭐⭐⭐ ☆ ☆


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