Houve o dia em que elas foram vistas como brinquedo. Depois, moda passageira. Mas o tempo provou que os portáteis elétricos, como scooters, patinetes e e-bikes, vieram para ficar. A pandemia da Covid-19 acelerou um processo de aceitação e, hoje, muitos têm recorrido às micro-lambretas para se deslocar pela cidade – ao ponto de competirem em números com carros elétricos. E a pergunta é: botando na ponta do lápis, vale trocar o transporte público pela bicicleta, patinete ou scooter elétrica?

Para esta matéria, excluímos veículos com baixa autonomia, velocidade inferior a 25 km/h, sem bancos, capacidade menor de 120 kg (isto é, para adultos) ou que exigem força física para andar. A ideia é ter algo comparável ao transporte num ônibus ou trem.

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Utilizamos como referência na análise os valores do transporte público em São Paulo, onde fica a sede do Olhar Digital, mas você pode transferir o exemplo para sua cidade.

Na capital paulista, atualmente, o preço do vale-transporte para metrô e ônibus custa R$ 4,80, e o Bilhete Único permite quantas baldeações forem necessárias em duas horas. Consideremos então duas passagens por dia, R$ 9,60. Se você trabalha 22 dias no mês, irá gastar R$ 211 com seu deslocamento. Se você precisa usar tanto ônibus quanto metrô, ou precisa pagar duas passagens de ônibus, ou está em outra cidade, é só fazer sua própria conta multiplicando sua despesa diária por 22.

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E como ficaria o orçamento com uma scooter elétrica?

O modelo mais acessível que encontramos com as características acima é a Ebike Life 1.0, que sai entre R$ 2,7 mil e 3 mil (e há outras numa faixa parecida, mas vamos usar essa para cálculos). Pelo valor de um celular intermediário, ela é capaz de levar uma pessoa ao trabalho.

Ebike Life 1.0
Ebike tem autonomia de 20 km (Ebike Life 1.0/Divulgação)

Para recarregar uma bicicleta elétrica como a Life 1.0, que vem com autonomia de 20 km e bateria de 36V e 6,6 aH (o equivalente 0,237 kWh), o gasto se dá em torno de R$ 0,02 por recarga na atual bandeira vigente no estado de São Paulo. Presumindo que você faça um trajeto de 20 km todos os dias, ida e volta, o total de gastos que você terá é de R$ 0,14 por semana e R$ 0,44 por mês. Quase irrelevante. Em comparação ao transporte público, trata-se de uma boa mexida no orçamento: é uma economia de R$ 210,6.

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Em quanto tempo isso se paga? No caso de uma Ebike Life 1.0, é possível recuperar o investimento em 14 meses (pelo valor mais alto). Se você parcelar em 12 vezes, fica quase elas por elas: é um investimento extra de R$ 40 por mês.

Opção “de luxo”

A Life parece uma bicicleta. Se você quer investir em algo com mais cara de scooter, e ainda falando no mais barato possível nessa categoria, a Next Juna sai quase exatamente o dobro da Ebike Life: R$ 5.990. Aqui você iria precisar de 28 meses (2 anos e 4 meses) para recuperar seus investimentos. São R$ 500 e, considerando a economia na passagem, seria R$ 500, estaria gastando R$ 290 a mais por mês.

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Next Juna
Next Juna

Note: ambos os veículos são scooters na prática, mas considerados bicicletas elétricas pela legislação brasileira. Têm pedais, sua velocidade máxima é limitada a 25 km/h e o motor não ultrapassa 350 W – mais que isso, em tese, você precisaria de uma habilitação para ciclomotores e o veículo teria que ter emplacamento (raramente é cobrado na prática e há discussões de mudar essa lei, mas o direito de dirigir sem carteira é só assim).

Economiza-se com esses de arcar com os custos de uma habilitação categoria A ou autorização especial para ciclomotores, o que levaria a mais R$ 1000, pelo menos, de despesa adicional.

Você também não vai precisar arcar com emplacamento e impostos automotivos. O principal deles, por exemplo, o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), vale 2% do valor venal do veículo. Ou seja, se você comprar, por exemplo, uma motocicleta de valor acessível como a Honda Elite 125, que custa aproximadamente R$ 10 mil, o IPVA dela vai valer R$ 500. Em um contexto em que a gasolina está cada vez mais cara, talvez seja melhor não arriscar.

Em suma, é uma boa ideia trocar o transporte público por uma scooter elétrica? Na faixa mais baratinha, o investimento se paga em pouco mais de um ano. Tentador, não?

Imagem: bildobjektiv/Shutterstock

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