Amostras da Lua trazidas por missão chinesa indicam atividade vulcânica mais recente do que se imaginava

Por Flavia Correia, editado por Rafael Rigues 20/10/2021 14h29, atualizada em 21/10/2021 12h08
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Imagem: AP Photo / Andy Wong
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Nesta terça-feira (19), pesquisadores da Academia Chinesa de Ciência (CAS) concederam uma entrevista coletiva à imprensa local para falar sobre as rochas lunares coletadas pela missão Chang’e-5, as primeiras amostras trazidas de volta à Terra em décadas. De acordo com os cientistas, elas indicam que a Lua estava vulcanicamente ativa mais recentemente do que se pensava.

O pesquisador Li Xianhua fala durante uma coletiva de imprensa sobre a missão Chang’e 5, na Academia Chinesa de Ciências, em Pequim. Imagem: AP Photo / Andy Wong

Essa foi a primeira missão da humanidade a retornar amostras da Lua em 44 anos, o que representa um marco para o crescente programa espacial de Pequim.

De acordo com os cientistas, uma forma de lava resfriada (basalto) de 2,03 bilhões de anos atrás coletada durante a missão traz a última data conhecida de atividade vulcânica na Lua para mais perto dos dias atuais em até 900 milhões de anos.

A análise das amostras “revela que o interior da Lua ainda estava evoluindo por volta de dois bilhões de anos atrás”, disseram.

Rochas lunares anteriores trazidas por missões americanas e soviéticas mostraram evidências de atividade lunar até 2,8 bilhões de anos atrás, mas deixaram uma lacuna no conhecimento dos cientistas sobre a história mais recente do satélite natural da Terra, visto que eram de partes mais antigas da superfície lunar.

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A missão Chang’e-5 – batizada em homenagem a uma deusa da lua na mitologia chinesa – coletou 2 kg de amostras de uma área até então inexplorada da Lua chamada Mons Ruemker, que fica na região conhecida como “Oceano das Tempestades”.

Segundo o site Phys, os pesquisadores explicaram que a área foi selecionada porque eles acreditam que ela foi formada mais recentemente, com base na densidade mais baixa de crateras de meteoros em sua superfície.

“No total, esses dados são extremamente empolgantes, fornecendo ciência e resultados incríveis sobre a compreensão da formação e evolução lunar ao longo do tempo”, disse Audrey Bouvier, professora de planetologia da Universidade de Bayreuth, na Alemanha, em uma mensagem de vídeo transmitida durante a entrevista coletiva em Pequim.

As últimas descobertas – publicadas em três artigos no periódico Nature – abrem novas questões para os cientistas que tentam decifrar a história da Lua.

“Como a Lua sustentou a atividade vulcânica por tanto tempo? A Lua é naturalmente pequena e deve dispersar o calor rapidamente, ou assim acreditamos”, disse o pesquisador do CAS Li Xianhua, um dos responsáveis pelos estudos.

As amostras do Chang’e 5 marcaram um grande passo para o programa espacial chinês, que enviou um rover a Marte e pousou outra nave no lado distante da Lua. Além disso, o país, correndo para alcançar os EUA e a Rússia, enviou três astronautas para sua futura estação espacial no último fim de semana.

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Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.

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Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital