Relatórios de funcionários do Facebook avisavam que conteúdos de desinformação e de incitação ao ódio na rede social circulavam livremente e em larga escala, muito antes do ataque ao Capitólio.

As informações, presentes numa série de despachos internos para a administração, foram obtidas pelo New York Times, com alertas de campanhas de fake news datando a pelo menos 16 meses antes das eleições.

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No primeiro dos comunicados, conteúdos conspiratórios do QAnon chegavam organicamente a contas recém-criadas, com uma semana de criação. Em outro, dois dias após a votação presidencial, outro funcionário alertava que comentários com desinformação das eleições estavam presentes em muitas publicações.

Quatro dias depois, um analista de dados do Facebook relatou que 10% de todos os conteúdos políticos visualizados nos Estados Unidos eram de publicações que alegavam fraude eleitoral.

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Funcionários contrariam alegações de isenção do Facebook ao ataque

Os documentos dos funcionários contrariam as alegações de Mark Zuckerberg de que o Facebook não teria responsabilidade pelo fomento do ataque ao Capitólio, no dia 6 de janeiro deste ano. À época, o criador da rede social respondeu em tribunal que os protestos foram “amplamente organizados em plataformas que não possuem nossas habilidades de parar com o ódio”, e que a empresa “havia feito o possível para assegurar a integridade da eleição.”

No entanto, as informações provam que o Facebook estava ciente dos movimentos internos e na participação da plataforma para a criação de instabilidade política. Yaël Einsenstat, uma ex-funcionária do Facebook encarregada da segurança nos anúncios publicitários, afirma que a empresa examinou suas responsabilidades durante as eleições de 2020.

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“Eles deveriam estar tentando entender se a maneira em que eles projetaram o produto é o problema”, afirma a ex-funcionária ao Times.

Andy Stone, um porta-voz do Facebook, afirma que a empresa se orgulha do trabalho que fez para proteger as eleições de 2020, e afirma que trabalharam com as forças de segurança e tomaram medidas preventivas para monitorar o conteúdo da plataforma.

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“As medidas que tomamos permaneceram até fevereiro e algumas, como não recomendar novos grupos cívicos ou políticos permanecem até hoje”, conta ao Times. “A responsabilidade pela violência que ocorreu em 6 de janeiro está com aqueles que atacaram nosso Capitólio e aqueles que os encorajaram”.

Imagem: lev radin/Shutterstock

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