Thomas Pesquet, astronauta da agência espacial europeia (ESA), está vivendo na Estação Espacial Internacional (ISS) desde abril de 2021. Isso significa que, lá de cima – a 408 km de altura – ele testemunhou vários dos desastres naturais ocorridos na Terra. Não por menos, o astronauta da ESA disse temer pelo futuro climático da Terra, o qual considera “frágil”.
Pesquet conversou com a AFP no dia 31 de outubro, durante a abertura do comitê climático apresentado pela ONU (COP26), compartilhando seus temores e esperanças: “ver o planeta da janela de sua nave faz você pensar. Você só precisa vê-lo uma vez: pode passar dois dias só absorvendo a distância, vendo a fragilidade da atmosfera, aquela bolha fina de e redonda que permite que a vida seja possível no vácuo do espaço, aquele oásis incrível — isso muda a sua vida”.
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Ele, que é um embaixador da ONU para a Alimentação e Agricultura, confessou que, à medida em que você vê as mudanças do planeta ocorrendo diante dos seus olhos, não pode evitar de sentir preocupação:
“As imensas tempestades, os incêndios florestais. Eu nunca vi nada parecido – fogos imensos com plumas de fumaça visíveis do espaço por vários e vários dias”, ele disse, quando questionado sobre algumas coisas que viu lá de cima.
“Foi chocante pensar na energia que tudo isso emitiu e o dano causado para as pessoas que tiveram a má sorte de estarem nos caminhos disso tudo”, ele continuou. “Nós nunca tínhamos visto tantas tempestades tropicais — você podia praticamente ver os olhos dos furacões. Eles são paredes de nuvens com poderes fenomenais, ocorrendo com mais e mais frequência e causando mais e mais destruição”.
Um dos episódios mais notáveis de 2021 foi a chegada do Furacão Ida, que devastou Nova Orleans, nos EUA, após surgir no meio do Atlântico e entrar no país pelo litoral da Flórida: deixando um total de 95 mortos, o furacão de classe 4 foi o segundo mais mortal da história do país, perdendo apenas para o Furacão Katrina, em 2005.
E algumas imagens da tempestade foram feitas e compartilhadas pelos astronautas da ISS, onde Pesquet mora desde o começo do ano.
“[O que mais me preocupa] É a ideia de que nós não tenhamos sucesso na busca por um acordo de níveis internacionais, e que as preocupações econômicas dominem discussões que devem ser antes de tudo ambientais”, confessou Pesquet. “Essa seria uma abordagem completamente infeliz. Quando você vê a Grande Barreira de Corais fora da lista de locais ameaçados por causa da pressão do governo australiano, você passa a ver com as prioridades estão invertidas e como estamos com problemas”.
O astronauta da ESA também deixou suas impressões para fazer da Terra algo menos frágil. A primeira ordem mencionada por ele foi uma relativamente simples: abandonar conspirações e ouvir especialistas que dedicaram suas vidas aos estudo e criação de soluções a curto, médio e longo prazo. Em seguida, “precisamos descarbonizar” – uma referência ao excesso de gás carbônico que a industrialização desenfreada emite (e que o Brasil figurou em má percepção na última semana).
“Nós devemos priorizar as fontes de energia renováveis e livres de carbono”, ele comentou. “E isso envolve a tomada de medidas restritivas e compromissos internacionais pelos quais os países podem ser responsabilizados”.
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