Embora sua atmosfera não tenha oxigênio o bastante para sustentar a vida humana, a Lua é rica nesse elemento – preso nas rochas na superfície. Mas, se as pessoas não “respiram pedras”, como a abundância desse gás em solo poderia garantir a sobrevivência de seus visitantes?

Colônia na Lua
Colonização da Lua parece estar próxima. Mas, o satélite teria oxigênio suficiente para manter os humanos vivos? Imagem: Pavel Chagochkin/Shutterstock

De acordo com um artigo publicado nesta semana pelo pesquisador de solo da Southern Cross University, John Grant, no site The Conversation, a camada superior de solo rochoso da Lua, conhecida como “regolito”, contém oxigênio suficiente para, provavelmente, sustentar 8 bilhões de pessoas por cerca de 100 mil anos.

“Juntamente com os avanços na exploração do espaço, recentemente vimos muito tempo e dinheiro investidos em tecnologias que poderiam permitir a utilização eficaz dos recursos espaciais”, escreveu Grant. “E na vanguarda desses esforços está um foco nítido em encontrar a melhor maneira de produzir oxigênio na Lua”.

Como aproveitar o oxigênio do regolito Lunar?

Segundo o pesquisador, o segredo está em um processo chamado eletrólise, que consegue produzir oxigênio a partir da poeira lunar.

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“Na Terra, esse processo é comumente usado na indústria, como na produção de alumínio”, afirmou. “Uma corrente elétrica é passada através de uma forma líquida de óxido de alumínio (comumente chamada de alumina) por meio de eletrodos, para separar o alumínio do oxigênio.”

É isso que um rover da Austrália, em uma parceria entre a Nasa e a Agência Espacial Australiana, está sendo programado para fazer. De acordo com Anthony Murfett, vice-presidente da entidade australiana, o país planeja construir uma sonda semi-autônoma de 20 kg, que será enviada pela Nasa à Lua em 2026, com o objetivo principal de extrair oxigênio da superfície lunar.

Austrália desenvolverá um rover autônomo lunar para extrair oxigênio do solo lunar, em parceria com a Nasa, no programa Artemis. Imagem meramente ilustrativa. Crédito: Pavel Chagochkin – Shutterstock

Vale ressaltar que a terra dos cangurus também está envolvida em outro projeto de exploração da Lua, de iniciativa privada (este, por sua vez, para encontrar água).

Segundo Grant, o oxigênio corresponde a cerca de 45% do solo lunar, mas, para extraí-lo dos outros elementos que compõem o regolito, como silício, alumínio e magnésio, os cientistas terão que usar muita energia e equipamento industrial para separá-los.

“Para ser sustentável, seria necessário o suporte de energia solar ou outras fontes de energia disponíveis na Lua”, acredita o pesquisador.

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Europa também está empenhada

Embora a logística de extração de oxigênio na superfície lunar represente “um grande desafio”, Grant observou que a Space Applications Services, uma startup belga, anunciou planos para construir três reatores e enviá-los à Lua para criar oxigênio por eletrólise.

E pode acontecer em breve, se tudo correr conforme o planejado. A empresa disse que planeja enviar seus reatores experimentais para a Lua até 2025, em conjunto com o programa de utilização de recursos in-situ da Agência Espacial Europeia (ESA).

Aliás, a própria ESA já desenvolveu estudos sobre a eletrólise como método de extração de oxigênio do solo lunar. Conforme o Olhar Digital noticiou, em 2020, a agência abriu uma “planta protótipo de oxigênio” dentro de um laboratório do Centro Europeu de Pesquisa e Tecnologia Espacial na Holanda justamente com esse propósito.

O sistema de protótipo utilizado pelos cientistas combina regolito lunar simulado com sal de cloreto de cálcio derretido. A mistura é aquecida a 950ºC graus e submetida a uma corrente que passa através dela, liberando oxigênio – um processo chamado eletrólise de sal derretido.

Como se pode ver, iniciativas não faltam para tornar a Lua um ambiente, no mínimo, “respirável” para seus futuros exploradores.

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