Um novo estudo realizado nos Estados Unidos apresentou dados surpreendentes sobre a relação entre a atividade neural, o fluxo de sangue no cérebro e o consumo de sal. Os resultados mostraram que o fluxo sanguíneo do cérebro acaba sendo bastante afetado quando há muito consumo de sal.

A ativação dos neurônios causa um rápido aumento do fluxo sanguíneo naquela determinada área. Essa relação é chamada de acoplamento neurovascular ou hiperemia funcional e ocorre por meio da dilatação dos vasos sanguíneos do cérebro, as famosas arteríolas.

Conhecemos a superfície

Alguns exames de imagem usam o acoplamento neurovascular para diagnosticar transtornos cerebrais Imagem: Life science/Shutterstock

Alguns exames de imagem usam o acoplamento neurovascular para diagnosticar distúrbios cerebrais. Porém, no geral, o foco é em áreas superficiais do cérebro, como o córtex cerebral.

Além disso, os cientistas costumam examinar principalmente as mudanças no fluxo sanguíneo em resposta a estímulos sensoriais vindos do ambiente, como estímulos visuais ou auditivos. Por conta disso, pouco se sabe sobre esse processo em áreas mais profundas do cérebro.

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Desconhecemos a profundidade

O desconhecimento sobre as mudanças no fluxo sanguíneo em regiões mais profundas do cérebro causa um desconhecimento em relação a como esses princípios se aplicam aos estímulos do próprio corpo, que são conhecidos como sinais interoceptivos.

Para tentar ter uma luz, a equipe de pesquisa se concentrou no hipotálamo, uma região profunda do cérebro envolvida em funções corporais críticas. Entre as ações controladas pelo hipotálamo estão: comer, beber, regular a temperatura do corpo e a reprodução.

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Os pesquisadores, então, examinaram como o fluxo sanguíneo que vai para o hipotálamo reagiu à ingestão de sal. Essa escolha se deu pela necessidade que o corpo tem de controlar os níveis de sódio, sendo que temos até células específicas para esse controle.

Reação ao sal

Imagem 3D de um cérebro humano
Reação do hipotálamo aos estímulos é diferente do que acontece no córtex cerebral. Créditos: Shutterstock

Quando ingerimos uma comida rica em sal, nosso cérebro percebe e ativa uma série de mecanismos compensatórios para reduzir os níveis de sódio. Esse processo é feito, em parte, pelos neurônios, que liberam um hormônio chamado vasopressina, que tem função diurética.

A vasopressina tem um papel fundamental na manutenção da concentração adequada de sal no corpo. As observações anteriores, mostraram um aumento no fluxo sanguíneo diretamente proporcional à atividade dos neurônios, porém, quando se trata do hipotálamo, a coisa muda de figura.

Resultados surpreendentes

Os pesquisadores foram pegos de surpresa ao perceberem que, diferente do que acontece no córtex, o hipotálamo tem uma diminuição no fluxo sanguíneo quando os neurônios são ativados. No córtex, a redução do fluxo sanguíneo representa distúrbios cerebrais, como o Alzheimer.

Outra diferença entre o córtex e o hipotálamo, é que na região mais profunda do cérebro as respostas aos estímulos acontecem de maneira mais lenta e difusa, por um longo período de tempo. Já no córtex, os estímulos são bastante rápidos e localizados.

De acordo com os pesquisadores, o consumo de altas quantidades de sal faz com que os níveis de sódio permaneçam elevados por um longo período. Essas descobertas levantam questões importantes sobre como a hipertensão arterial pode afetar o cérebro.

Via: Medical Xpress

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