Navegando por encostas e perigos de um território hostil, perfurando rochas e pedregulhos e coletando amostras em tubos metálicos, um rover projetado pela Nasa estuda as estruturas de Marte. 

Não, não estamos falando do Perseverance, que explora o solo marciano in loco desde fevereiro – e sim de seu irmão gêmeo OPTIMISM, que, na verdade, ajuda o parente famoso em um simulador de Marte aqui na Terra mesmo.

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Atualizado com novos recursos, o gêmeo terrestre do rover Perseverance chega à garagem Mars Yard no Laboratório de Propulsão a Jato da agência. Imagem: NASA / JPL-Caltech

Ele atua no Mars Yard, uma maquete feita pelo Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa (JPL), no sul da Califórnia, que é quase tão comprida quanto uma quadra de tênis dupla e duas vezes mais larga, coberta com pedras “marcianas”.

Segundo a Nasa, o Mars Yard já serviu como campo de prova para muitos veículos gêmeos de teste – desde o modelo de engenharia do primeiro e minúsculo Sojourner, que pousou em Marte em 1997, passando pelos companheiros de missão Spirit e Opportunity, que começaram em 2004, até os rovers Curiosity e, claro, Perseverance, que exploram Marte hoje.

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OPTIMISM é cobaia para operadores do rover Perseverance

Abreviação em inglês de Gêmeo Operacional Perseverance para Integração de Mecanismos e Instrumentos Enviados a Marte, o OPTIMISM é uma bancada de teste dos sistemas do veículo, que foi implementado no Mars Yard em setembro de 2020, quando realizou testes de mobilidade. 

De acordo com o site Phys, esses ensaios ajudam a garantir que Perseverance consiga executar com segurança em Marte os comandos enviados pelos controladores na Terra. Eles também podem revelar problemas inesperados que o gêmeo viajante pode encontrar por lá. 

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Mars Yard: simulador de campo de Marte do JPL-Caltech. Imagem: Douglas van Bossuyt

Ou seja: na prática, o OPTIMISM funciona como cobaia. Se surgirem problemas no Perseverance em Marte, o gêmeo da Terra pode ser usado como uma plataforma para descobrir o que deu errado e também como consertar.

Recentemente, ele recebeu algumas atualizações importantes para corresponder aos recursos disponíveis no Perseverance, incluindo software de mobilidade adicional e a maior parte do complexo sistema de coleta de amostras. Agora, pela primeira vez, ele começa a realizar ensaios desses novos equipamentos, como o Conjunto de Coleta Adaptável recém-instalado.

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“O tamanho e a forma das rochas no campo visual – elas se transformarão em obstáculos ou não?” disse Bryan Martin, gerente de bancos de teste e do software de voo do JPL. “Testamos muito disso, descobrimos que tipo de coisas evitar. O que atravessamos com segurança por aqui informa os pilotos de rover no planejamento de suas viagens em Marte. Fizemos tantos testes no solo que podemos estar confiantes nisso”.

Perfurar amostras de núcleo de rochas terrestres no Mars Yard e selá-las em tubos de metal não é tão simples quanto pode parecer. A equipe de Marte do JPL fornece uma variedade de tipos de rochas para o OPTIMISM perfurar, uma vez que a natureza exata da rocha que o Perseverance encontrará muitas vezes não pode ser conhecida com antecedência. O terreno também é uma variável: um teste anterior com o braço robótico envolveu estacionar o rover em um declive e, em seguida, instruí-lo a perfurar.

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“Havia a possibilidade de o veículo espacial escorregar”, disse Jose Trujillo-Rojas, chefe de engenharia de sistemas de bancada de teste do JPL. “Queríamos testar isso primeiro aqui na Terra, antes de enviar instruções para o rover em Marte. Isso foi assustador, porque você pode imaginar se perfurar assim e o rover escorregar ligeiramente para trás, a broca pode ficar presa”.

Felizmente, o OPTIMISM perfurou o núcleo com sucesso, sugerindo que o Perseverance também poderia realizar a perfuração em um declive, se necessário.

Fatores ambientais enfrentados pelo OPTIMISM não são os mesmos de Marte

Claro que o OPTIMISM deve enfrentar fatores ambientais muito diferentes daqueles encontrados pelo Perseverance, que é construído para temperaturas congelantes e radiação intensa. 

A gravidade mais forte da Terra exige que as rodas de metal do OPTIMISM sejam mais grossas do que as de sua contraparte marciana. E seus componentes eletrônicos, às vezes, precisam ser resfriados para evitar danos causados ​​pelas temperaturas de verão do sul da Califórnia – o oposto do problema causado pelo frio intenso em Marte.

“Em Marte, tentamos manter o veículo espacial aquecido”, disse Trujillo-Rojas. “Aqui, estamos tentando mantê-lo frio”.

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