Ao contrário da Terra, a Lua não tem mais um campo magnético que oferece proteção contra os ventos solares. Mas nem sempre esse foi o caso: segundo novo estudo conduzido pelas universidades de Purdue e da Califórnia-Santa Cruz, o nosso satélite tem registros de seu antigo campo magnético, gravados em sua superfície por impactos com corpos celestes que vagavam pelo espaço.

O paper foi publicado no jornal científico Nature Communications e suas conclusões podem nos ajudar a entender mais um pouco sobre o processo de formação da Lua.

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Imagem simboliza o campo magnético da Lua, devidamente registrado em crateras
O pólo sul lunar é apenas um dos pontos do satélite recheados de crateras: estudiosos afirmam que tais impactos podem guardar registros de antigo campo magnético da Lua (Imagem: NASA/GSFC/Arizona State University/Reprodução)

O estudo aposta na dispersão de materiais magnetizáveis durante os impactos que geraram as crateras da Lua: segundo o professor de Ciências Planetárias e Atmosféricas da Terra da Universidade de Purdue, Brandon Johnson, na ocorrência de impactos em direção oblíqua (ou seja, em diagonal), há uma incidência maior de ejeção de materiais que se acumulam na área antípoda.

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“Antípoda” é a área diametralmente oposta à zona de impacto. Em termos práticos, imagine uma pedra atingindo a areia com força, vinda em sentido diagonal. A antípoda seria a região onde a areia dispersa cairia.

A questão é que não apenas a poeira da superfície atingida acaba dispersada. Na verdade, Johnson argumenta que a maior parte disso é material vindo do causador do impacto. E é aí que reside a chave do estudo: os materiais dos objetos que bateram na Lua podem facilmente conter ferro, que é um metal magnetizável.

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Segundo o paper, esse material acaba se aquecendo muito rapidamente durante o choque, mas demora a esfriar após isso, efetivamente servindo como uma gravação das condições ambientais do momento da colisão. Considerando que a Lua vem sofrendo “pancadas espaciais” há bilhões de anos, é seguro dizer que uma boa parte das crateras do nosso satélite podem guardar traços de seu antigo campo magnético.

Johnson está tão certo de suas descobertas que sua equipe conseguiu calcular até mesmo a força do campo magnético da Lua há quatro bilhões de anos, que era algo entre 40 e 73 μT (“micro teslas”, a unidade de densidade do fluxo magnético). Para fins de comparação, a magnitude do campo magnético da Terra, hoje, fica entre 25 e 65 μT.

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Para chegar à conclusão, o time simulou em computador as colisões capazes de formar grandes bacias, a fim de monitorarem materiais ejetados para longe do ponto de impacto. A trajetória calculada desses materiais determina também a região de pouso após o choque. Complementarmente, o time também estimou números relacionados à temperatura e composição das ejeções para determinar se o material seria capaz de gravar traços do campo magnético da Lua.

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