Telescópio Gemini South flagra “borboleta gigante” vizinha da Via Láctea

Flavia Correia08/12/2021 10h43
Telescopio-Gemini-South
Crédito: Observatório Internacional Gemini / NOIRLab / NSF / AURA / Kwon O Chul
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Nossa vizinhança no espaço consegue nos surpreender cada vez mais. Já vimos um “coração flechado por Cupido”, em uma captura feita pelo telescópio Hubble na Constelação de Orion, um arco-íris ao redor da Lua e até um “show de fogos de artifício” durante o nascimento de estrelas. Agora, é a vez de uma “borboleta gigante” fotografada pelo telescópio Gemini South.

Na imagem, podemos ver o que parecem ser enormes asas translúcidas de uma borboleta sobrevoando o infinito. Esse objeto é, na verdade, uma saída de gás conhecida como Nebulosa Infravermelha da constelação de Camaleão – assim chamada porque é brilhante em alguns comprimentos de onda de luz infravermelha, embora também possa ser observada na luz visível, como nesta vista. 

A “borboleta gigante” vizinha de nossa Via Láctea flagrada pelo telescópio Gemini South. Imagem: Equipe de Comunicação, Educação e Engajamento do NOIRLab

Oculto no centro da nebulosa de reflexão, e no centro da imagem, está o “motor” da nuvem de poeira, uma estrela de baixa massa (menos massiva que o nosso Sol) que é eclipsada por uma faixa vertical escura. 

Mesmo que não seja vista, essa estrela jovem e fria emite fluxos de gás, que se movem rapidamente, e cava um túnel através da nuvem interestelar a partir da qual a jovem estrela se formou. A luz infravermelha e visível emitida pela estrela escapa ao longo desse túnel e se espalha por suas paredes, formando esse efeito de brindar os olhos.

De acordo com cientistas do Laboratório Nacional de Pesquisa em Astronomia Óptica-Infravermelha dos EUA (NOIRLab), que administra o Observatório  Internacional Gemini – composto pelos telescópios Gemini North e Gemini South (ou Gêmeo do Norte e Gêmeo do Sul) – o objeto vermelho brilhante à direita do centro da imagem marca onde parte do fluxo rápido de gás se acende após colidir com o gás que se move mais lentamente na nebulosa. 

Assista ao vídeo compartilhado pelo NOIRLab da “borboleta gigante” da nebulosa

Ele é conhecido como objeto Herbig-Haro (HH) e tem a designação HH 909A. Outros objetos Herbig-Haro foram encontrados ao longo do eixo de saída da estrela, além das bordas da imagem à direita e à esquerda.

Alguns astrônomos sugerem que a faixa escura no centro da nebulosa infravermelha de Camaleão é um disco circunstelar – um reservatório de gás e poeira orbitando a estrela. Os discos circunstelares são normalmente associados a estrelas jovens e fornecem os materiais necessários para construir planetas. 

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A razão pela qual o disco aparece como uma faixa em vez de um círculo na imagem em questão é porque ele está na borda, revelando apenas um ângulo para os observadores aqui na Terra. Os cientistas acreditam que a estrela central da nebulosa é um jovem objeto estelar embutido no disco. Segundo eles, a nebulosidade de fundo, que aparece em azul na imagem, está refletindo a luz de uma estrela próxima localizada fora do quadro.

De acordo com German Gimeno, cientista de instrumentos do NOIRLab, a Nebulosa Infravermelha da constelação de Camaleão reside dentro da nuvem escura maior, chamada Camaleão I, que é vizinha das nuvens escuras Camaleão II e Camaleão III. As três juntas compreendem o Complexo Camaleão, uma grande área de formação estelar que ocupa quase a totalidade da constelação de Camaleão no céu meridional e é uma das mais próximas de nossa Via Láctea.

O tratamento da imagem se deve à edição do telescópio sul dos Gemini Multi-Object Spectrographs (GMOS), localizado no cume de Cerro Pachón, no Chile – como dito anteriormente, parte do Observatório Gemini Internacional, um programa do NOIRLab. O GMOS tem recursos de edição de imagem, além de ser um espectrógrafo, o que o torna um instrumento versátil.

“O GMOS-South é o instrumento perfeito para fazer essa observação, por causa de seu campo de visão, que pode capturar muito bem a nebulosa inteira, e por causa de sua capacidade de capturar a emissão do gás ionizado da nebulosa”, disse Gimeno.

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Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.