Já faz um ano que o mundo começou a imunização contra a Covid-19 e tudo indica que as vacinas continuarão a ser aplicadas e reaplicadas nos próximos anos. Com isso em mente, as farmacêuticas continuam desenvolvendo uma nova geração de vacinas que possam ser mais eficientes que as atuais, com o foco em uma resposta imunológica maior e uma duração ampliada.

A primeira geração de vacinas contra a Covid-19 foi desenvolvida em tempo recorde. Com custos altíssimos e pouco tempo, farmacêuticas gigantes, como a Pfizer, saíram na frente na corrida. No entanto, no mundo, dezenas de empresas do ramo testavam seus produtos, uma delas a Akston Bionsciences, uma pequena startup do mercado que viu sua vacina ficar para trás na corrida.

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Em entrevista à BBC, Todd Zion, CEO da empresa, relatou as dificuldades em fazer a equipe não desanimar apesar do lançamento de imunizantes que saíram na frente. No entanto, ele ainda acredita que a vacina desenvolvida por sua equipe pode ser útil.

“Essas vacinas ajudaram tremendamente, mas se você é um inovador, sabe que os produtos que vêm em primeiro lugar tendem a ter muitos problemas”, explicou. “Então, por esse motivo, continuei motivado. Mas para uma pequena empresa foi um desafio continuar desenvolvendo nossa vacina enquanto a maior parte do mundo pensava que tudo estava resolvido”, completou ainda.

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Nesse sentido, diversas vacinas estão sendo feitas com a expectativa de que possam ser lançadas nos próximos 16 meses. O surgimento das variantes, como a Ômicron, faz com que os novos produtos sejam criados já pensando em combater essas cepas.

“Podemos ver as respostas dos anticorpos e, até certo ponto, as respostas das células T (células de defesa) diminuindo ao longo do tempo. Portanto, uma das esperanças das vacinas de segunda geração é que elas possam fornecer proteção por um período mais longo do que as primeiras vacinas”, disse Andrew Ustinowski, chefe do programa de vacinas do Reino Unido.

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O imunizante da Akston deve ficar disponível apenas depois de 2023, mas já conseguiu autorização para os testes de fase 2 e 3. O CEO da empresa acredita que, apesar da demora, o imunizante ainda vai estar relevante quando for lançado.

Nova geração de vacinas

“Acabamos de assinar um contrato de licenciamento e desenvolvimento de fabricação com uma empresa indiana”, completou. “Eles têm cerca de 100 países em sua lista em que estão focados, principalmente no Sudeste Asiático, Oriente Médio e África Subsaariana. Sabemos que as vacinas primárias continuam sendo uma oportunidade em algumas das regiões carentes”

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Talvez a maior representante dessa nova leva seja a Novavax, a vacina desenvolvida pela farmacêutica americana possui acordos para entregar milhões de doses da NVX-CoV2373. O imunizante também possui parcerias com a Europa e já está finalizado o estudo da fase 3.

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A vacina possui uma proteína de pico de pré-fusão de comprimento total, feita com tecnologia de nanopartículas recombinantes e o adjuvante Matrix-M, baseado em saponina próprio da empresa. Apesar disso, os resultados não indicam que o imunizante possa ser mais eficaz que os atuais, o que reduziu as expectativas em cima dele.

Segundo dados recentes, o imunizante da Novavax tem 96% de eficácia global na prevenção da doença nas variantes Alfa e Beta, mas não existem dados ainda sobre a Delta, predominante no mundo.

“Temos dados de estudos clínicos anteriores que mostram que nossa vacina era capaz de gerar anticorpos neutralizantes de níveis muito altos. Portanto, não são apenas anticorpos que podem reconhecer a proteína S (spike ou espícula), mas podem realmente impedir a propagação do vírus”, explica Filip Dubovsky, que atua no desenvolvimento.

É estimado que pouco menos de 50% da população global esteja pelo menos parcialmente vacinada contra a Covid-19. A maior parte dos locais com pouca imunização estão na América Latina, África e Ásia. Por isso, a nova geração de vacinas ainda deve ser útil por bastante tempo.

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