Pela primeira vez, nós conseguimos registrar uma erupção estelar vinda de um astro bem mais jovem que o Sol, mas com uma potência 10 vezes maior que a nossa própria estrela. O registro pode nos fornecer uma boa base para sabermos os efeitos de erupções gigantes do tipo na Terra, há milhões ou bilhões de anos.

Uma equipe liderada por Yuta Notsu, da Universidade de Boulder-Colorado, afirma que a erupção veio da estrela conhecida como “EK Draconis”, localizada há aproximadamente 111 anos-luz da Terra.

Leia também

Segundo Notsu, a EK Draconis “é hoje o que o sol costumava ser há 4,5 bilhões de anos”. Uma anã amarela relativamente jovem, ela não passa de uma idade entre 50 milhões e 125 milhões de anos. Entretanto, sua configuração similar ao Sol faz dela um astro propenso à execução de uma erupção estelar ou ejeções de massas coronais (EMCs).

publicidade

Observando a estrela durante um período entre janeiro e abril de 2020, os cientistas usaram diversos instrumentos – o satélite TESS da NASA, o telescópio Seimei da Universidade de Quioto e o Observatório Astronômico Nishi-Harima e seu telescópio Nayuta.

Em 5 de abril de 2020, a aposta se concretizou, com o time de astrônomos detectando uma “super erupção” que foi seguida de uma EMC de quase 30 minutos de duração, movendo-se a 1,8 milhões de quilômetros por hora (km/h). Estimativas indicavam que a ejeção era 10 vezes maior do que qualquer evento do tipo realizado pelo nosso Sol.

“Ejeções de massa coronal são o aspecto mais importante quando se considera o efeito de ‘super erupções estelares’ em planetas – especialmente a Terra”, disse Notsu ao Space.com.

Imagem mostra uma ejeção de massa coronal despejada após uma erupção estelar (Ilustração)
Ilustração mostra uma ejeção de massa coronal, dispersada após erupção estelar: fenômeno executado por estrelas pode trazer efeitos poderosos na Terra (Imagem: NASA/Centro de Voo Goddard/Reprodução)

As ejeções de massa coronal são, a grosso modo, dispersões de energia conduzidas por uma estrela, que trazem diversos efeitos onde elas batem. No caso da Terra, elas podem derrubar sistemas de satélites em órbita e causar perturbações severas em redes de distribuição elétrica e outros dispositivos que funcionam com circuitos eletrônicos. Um estudo chegou a apontar uma ejeção de massa coronal como um plausível cenário apocalíptico.

 No caso da EK Draconis, a ejeção incrivelmente poderosa foi acompanhada apenas em sua fase inicial, então os cientistas não podem dizer se ela acabou reabsorvida pela estrela ou se foi despejada no espaço. Isso será possível de descobrir em estudos futuros, que usarão telescópios mais avançados para investigar fases posteriores dessas ejeções ao redor das estrelas.

A descoberta é interessante a nós devido à similaridade entre a EK Draconis e o nosso Sol. Guardadas as devidas proporções, é possível especular que a erupção estelar descoberta por Notsu e sua equipe tenha acontecido também pela nossa estrela central há muitos anos.

O que levanta a pergunta? Como uma ejeção dessa influência na Terra? “Em outras palavras, ejeções de massa coronal podem ter muita relação com o ambiente que propiciou o surgimento da vida”, disse Notsu. “Discussões sobre as possibilidades e efeitos de ‘super erupções’ e ‘super EMCs’ são importantes para a nossa sociedade”.

Existem estudos que indicam que erupções estelares gigantes já foram executadas pelo Sol em períodos que remontam há pelo menos 10 mil anos, mas apesar de múltiplas evidências disso, elas são incrivelmente raras por aqui.

Os dados completos do estudo foram publicados no jornal científico Nature Astronomy.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!