Uma equipe de cientistas da Universidade do Texas, nos EUA, criou um saco de dormir em formato de tubo que suga para a parte inferior dos corpos dos astronautas os fluidos que se acumulam em suas cabeças na gravidade zero. Esses fluidos podem provocar um distúrbio no globo ocular que é considerado um dos mais arriscados problemas médicos que acometem os viajantes espaciais.

Como especialistas já se mostraram preocupados com a possibilidade de algo do tipo vir a comprometer missões a Marte, alguns esforços estão sendo feitos no sentido de mitigar essa deficiência, conhecida por “síndrome neuro-ocular associada a voos espaciais” (SANS).

Saco de dormir promete combater problema ocular típico de astronautas em gravidade zero. Imagem: Centro Médico da Universidade do Texas

Em 2011, um estudo encomendado pela Nasa detectou a ocorrência de SANS em diversos astronautas. “O que estamos vendo é o achatamento do globo, o inchaço do nervo óptico, uma mudança de visão e dobras coroidais”, disse o oftalmologista Charles Robert Gibson, um dos autores do estudo publicado na edição de outubro daquele ano do Ophthalmology, jornal científico da Academia Americana de Oftalmologia. 

De acordo com a Nasa, a síndrome já causou hipermetropia em alguns astronautas e certo grau de dificuldade para ler em outros.

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Astronautas não conseguem ficar em pé no espaço

Em entrevista à BBC, o pesquisador Benjamin Levine, professor de medicina da Universidade do Texas e líder do estudo que desenvolveu o “tubo de sucção de dormir”, revelou que mais viagens longas poderiam acentuar o problema. “Não sabemos o quão ruim os efeitos podem ser em um voo mais longo, como uma operação de dois anos em Marte”, disse ele. “Seria um desastre se os astronautas tivessem deficiências tão graves que não pudessem ver o que estão fazendo e isso comprometesse a missão”.

Levine explicou que a pressão em ausência de gravidade “não é tão baixa quanto quando você está de pé”. Segundo ele, a ideia do projeto veio da constatação de que os astronautas não conseguem ficar em pé. “Isso nos leva aos sacos de dormir, que criam uma câmara de vácuo ao redor da parte inferior do corpo do astronauta, atraindo fluidos para os pés para tirar a pressão de seus olhos”.

E parece que funciona. Em testes realizados em ambientes simulados na Terra, a forma dos olhos dos indivíduos não mudou durante vários dias dormindo no dispositivo. 

Algumas perguntas permanecem, em relação ao saco de dormir especial. Quanto tempo os astronautas têm para ficar no dispositivo? Ele realmente vai funcionar no espaço? Enquanto ainda não temos todas as respostas, resta-nos aguardar e torcer para que tanto essa quanto outras engenhocas que vierem a ser criadas possam ser realmente úteis para a saúde dos viajantes espaciais.

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