Na Índia, as mulheres que trabalhavam na fábrica da Foxconn na manufatura de iPhones tinham que lidar com situações degradantes, como dormitórios lotados, falta de água corrente e até alimentos impróprios para o consumo.

O problema escalou até dezembro deste ano, quando mais de 250 funcionárias ficaram doentes por intoxicação alimentar, culminando em um protesto que parou toda a unidade no sul do país. 

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Segundo a Reuters, o protesto, que ocorreu no dia 17 de dezembro, trouxe à tona as condições de trabalho fora do padrão da principal parceira na cadeia de suprimentos da Apple e de outras gigantes da tecnologia.

Conforme as informações divulgadas pela agência de notícias, as trabalhadoras da fábrica dormiam no chão e em quartos pequenos com até 30 pessoas. Algumas instalações no albergue sequer tinham água encanada.

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“As pessoas que moram nos albergues sempre tiveram alergias de pele, dor no peito, intoxicação alimentar”, disse uma ex-funcionária de 21 anos, que acabou deixando a fábrica após os protestos.

Resposta da Apple 

Protesto de mulheres força mudanças em fábrica da Foxconn
A Foxconn é uma das principais fornecedoras de componentes eletrônicos para a produção de dispositivos da Apple. Imagem: hurricanehank/Shutterstock

Em resposta às alegações, a Apple declarou que descobriu junto com a Foxconn que alguns dormitórios e refeitórios da fábrica realmente não estavam de acordo com os padrões exigidos.

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“Descobrimos que alguns dos dormitórios e refeitórios usados ​​pelos funcionários não atendem aos nossos requisitos e estamos trabalhando para garantir que um conjunto de ações corretivas seja rapidamente implementado”, informou um porta-voz da Apple.

A big tech — que vai oferece bônus de R$ 1 milhão para evitar a fuga de profissionais — também reforçou que garantirá que seus “rígidos padrões” sejam atendidos antes da reabertura da fábrica. 

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Vale ressaltar que o caso ocorre em um momento de pressão para a empresa de Cupertino. Ao passo que tenta acelerar a sua produção da família iPhone 13 para atender a demanda do mercado, os acionistas pedem mais transparência sobre as condições de trabalho adotadas pelos fornecedores.

Foxconn descumpriu legislação local

De acordo com as leis da região, cada funcionária deveria contar com pelo menos 12 metros quadrados de espaço dentro dos padrões de higiene e segurança estabelecidos pelas autoridades.

Como medida corretiva, a Foxconn indica que está reestruturando sua equipe de gerenciamento e “tomando medidas imediatas” para melhorar as instalações. Segundo a companhia, todos os funcionários continuarão recebendo seus salários até que as melhorias sejam implementadas antes do reinício das operações.

Por ora, tanto a Apple como a Foxconn não indicaram um prazo previsto para a reabertura da fábrica.

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Vale lembrar que a taiwanesa Foxconn abriu a sua unidade na Índia em 2019 com a promessa de criar 25 mil empregos. Após os protestos, inspetores de segurança alimentar também visitaram o albergue onde ocorreu o surto de intoxicação e fecharam a cozinha depois de encontrar ratos no local.

As mulheres, que ganham o equivalente a cerca de US$ 140 (R$ 780 na cotação atual) por mês, também pagam uma quantia à Foxconn pela moradia e alimentação enquanto trabalham. A maioria delas, segundo um sindicato formado por mulheres, têm entre 18 e 22 anos e vêm de áreas rurais. 

No fim, o incidente de intoxicação alimentar mandou 159 mulheres de um só dormitório para o hospital no dia 15 de dezembro. Quando não compareceram ao trabalho dias depois, as outras funcionárias decidiram se manifestar.

No dia 17 de dezembro, cerca de 2 mil mulheres dos albergues da Foxconn tomaram as ruas, bloqueando uma rodovia perto da fábrica. A polícia, segundo a Reuters, respondeu prendendo 67 trabalhadoras, que tiveram os seus telefones confiscados.

Vale ressaltar que o problema já é o segundo envolvendo um fornecedor da Apple na Índia em um ano. Em dezembro de 2020, milhares de trabalhadores de outra fábrica, dessa vez da Wistron Corp, destruíram equipamentos e veículos pelo suposto não pagamento de salários.

Em resposta, a Apple parou temporariamente de fazer negócios com a fabricante até que abordasse a forma como os trabalhadores eram tratados. Na época, a Wistron disse que “elevou os seus padrões”, incluindo um sistema de folha de pagamento mais eficaz. As operações foram retomadas no início de 2021.

Imagem principal: Tony Savino/Shutterstock

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