Austrália ainda sente ondas do tsunami causado pela erupção de vulcão subaquático de Tonga

Por Flavia Correia, editado por André Lucena 18/01/2022 16h22, atualizada em 18/01/2022 17h56
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Um tsunami gerado pela erupção do vulcão subaquático Hunga Tonga-Hunga Ha’apai, ocorrida no último sábado (15), em área do Oceano Pacífico pertencente ao reino polinésio de Tonga, atingiu a Austrália, e suas ondas, embora pequenas, ainda estavam sendo registradas no final da tarde de segunda-feira (17). 

A explosão do vulcão em Tonga, que foi capturada por satélites no espaço, causou tsunamis sentidos por mais de 48 horas depois (Imagem: NOAA/Reprodução)

O último registro feito pelo medidor de nível do mar na capital Nuku’alofa apontou uma onda de tsunami de 1,19 metros. Aquelas que posteriormente chegaram à costa australiana eram comparáveis a algumas das maiores ondas de tsunami registradas no país, incluindo as gigantescas geradas pelo terremoto do sul do Chile em 1960.

A erupção vulcânica de Tongan causou ondas de 82cm na Costa do Ouro. Na costa sul de Nova Gales do Sul, as ondas de tsunami atingiram 65cm em Port Kembla e 77cm na Baía Dupla do Éden.

Ondas de tsunamis são iguais às ondas comuns?

Enquanto as ondas oceânicas cotidianas são causadas pelo vento, as ondas de tsunamis são provocadas pelo deslocamento vertical em larga escala da coluna de água.

Erupções de vulcões como o de Tonga são uma causa muito menos comum de tsunami, sendo os terremotos subaquáticos o principal motivador. 

Ondas de tsunami são diferentes das ondas comuns, e mesmo as consideradas pequenas, podem ter efeitos devastadores. Imagem: Reprodução Twitter

De acordo com a pesquisadora Hannah Power, professora associada em Ciência Costeira e Marinha da Universidade de Newcastle, uma onda de tsunami de mais ou menos 50 cm pode não parecer tão grande. “Mas é totalmente diferente das ondas normais que chegam ao nosso litoral todos os dias. Essas ondas normais podem levar de 5 a 15 segundos para vir em terra e fluir de volta para fora. Uma única onda de tsunami pode durar minutos ou mais de uma hora”.

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Power escreveu um artigo para o site The Conversation, no qual analisa os dados dos níveis de maré em Sydney no sábado à noite. O tsunami em Tonga ocorreu às 15h10, pelo horário de Brasília, e as ondas chegaram pela primeira vez em Sydney pouco depois das 18h.

“Entre 20h17 e 21h08, foram registrados dois picos nas ondas de tsunami”, informou Power. “Cada onda durou quase 30 minutos – 15 minutos enquanto a água ia para terra, e 15 minutos enquanto ela ia para fora da costa”.

Segundo Power, no final da tarde de segunda-feira, ondas de tsunami de uma hora estavam sendo registradas em Batemans Bay em NSW. Em alguns lugares ao longo da costa australiana, essas ondas tinham 50 cm de altura e a água estava invadindo a terra por 15 a 30 minutos. “Isso é realmente diferente de uma onda normal de 50 cm”, diz a cientista.

“Se você estivesse na praia na Austrália observando o tsunami, pareceria que a maré estava subindo muito rápido. Meio metro de mudança de maré normalmente levaria 90 minutos ou mais – aqui estamos falando sobre isso acontecendo seis vezes mais rápido”, explicou Power.

É completamente imprevisível

Os medidores de maré, que geralmente monitoram os níveis diários de água, também podem ser usados para determinar o tamanho das ondas de tsunami. Hoje em dia, os medidores de maré geralmente operam usando sensores acústicos ou de pressão.

“Para medir uma onda de tsunami, tiramos o nível da maré e as oscilações curtas que representam ondas normais, então só ficamos com as ondas do tsunami”, revelou Power. “Ondas de tsunami normalmente chegam em uma série que dura de 12 a 24 horas, e a primeira onda nem sempre é a maior”.

Uma onda de tsunami não se comporta de forma linear. Ele irradia através do oceano e interage com os continentes e litoral, bem como com as características do fundo do mar. Power ressalta que as ondas de tsunami também viajam mais rápido em águas profundas do que águas rasas. “Todos esses fatores interagem para fazer com que as ondas saltem de maneiras complexas”.

Antes da perda das comunicações com Tonga, os relatórios de vídeo mostraram inundações significativas de ondas de tsunami e inundações que danificaram estradas, edifícios e infraestruturas, como muros marinhos.

Além de afetar a Austrália, as ondas de tsunami também viajaram por todo o Oceano Pacífico até Fiji, Ilhas Cook, Nova Caledônia, Nova Zelândia, ao longo das costas norte e sul-americana e para o Japão. Alguns desses locais relataram inundações localizadas.

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Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.

André Lucena
Ex-editor(a)

Pai de três filhos, André Lucena é o Editor-Chefe do Olhar Digital. Formado em Jornalismo e Pós-Graduado em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte, ele adora jogar futebol nas horas vagas.