Empresa de Singapura lança satélite com combustível mais eficiente

Startup Aliena é uma empresa derivada de instituto tecnológico, e posicionou seu satélite no espaço durante a missão Transporte-3, da SpaceX
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 18/01/2022 20h34, atualizada em 19/01/2022 10h14
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Imagem: Aliena/Divulgação
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Não foi só um satélite brasileiro que a SpaceX levou ao espaço na missão Transporter-3, executada na última semana. A startup Aliena está testando uma espaçonave com um sistema de combustível mais eficiente que as misturas propelentes conhecidas hoje.

A empresa, uma startup derivada da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura, usa um motor de propulsão Hall, que se vale de plasma impulsionado por uma corrente elétrica. A tecnologia foi uma invenção da própria Aliena e, segundo a companhia, consome “apenas uma fração” da energia necessária por um propulsor convencional.

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Os cofundadores da Aliena, George-Cristian Potrivitu (CTO, à esq.) e Mark Lim Jian Wei (CEO, à dir.): especialistas desenvolveram novo sistema de propulsão para satélites com uso mais eficiente de combustível (Imagem: Aliena/Divulgação)

Todo satélite precisa de um ou mais propulsores. Mesmo aqueles que estão estacionados em uma posição fixa na órbita da Terra comumente disparam propulsores para corrigir sua orientação, desviar de lixo espacial ou manter-se em uma órbita específica. Isso porque a atmosfera da Terra ainda tem uma força considerável para puxá-los de volta, fazendo com que eles passem por reentrada atmosférica e, no melhor dos cenários, sejam incinerados na queda (o pior cenário é eles caírem de volta e atingirem o solo – uma cidade povoada, por exemplo).

Antigamente, satélites tinham toneladas de peso e eram imensos em tamanho, mas a mesma evolução tecnológica que vimos nos processadores permitiu sua miniaturização. Hoje temos como exemplo disso os CubeSat, que normalmente têm formato quadrado (10x10x10 centímetros) e dificilmente pesam mais que dois quilogramas (2 kg).

Entretanto, os propulsores Hall atuais não servem para satélites menores, já que necessitam de cerca de mil watts (W) de potência para manter objetos em órbita – algo que só é factível em satélites maiores. A solução desenvolvida pela Aliena “tapa” esse buraco de forma elegante e funcional, pois necessita de somente 10 W e seu design facilita seu uso em satélites de até 10x10x10 cm – pois é, a comparação com o CubeSat não veio à toa.

A empresa conseguiu o feito ao usar as propriedades da propulsão por plasma, um dos quatro estados fundamentais da matéria, que consegue exercer movimento com uma força da escala de micronewtons – em termos comparativos, a mesma força exercida por uma formiga dando alguns passos.

“À medida em que a indústria espacial continua a crescer exponencialmente e rapidamente, a Aliena quer atacar uma demanda crescente por mobilidade no espacial por meio de nossos motores de plasma”, disse o doutor Mark Lim Jian Wei, co-fundador e CEO da empresa. 

“[O espaço] era antes um mercado nascente, mas nós vimos uma súbita explosão de empresas de tecnologia espacial sendo incorporadas para capitalizar o custo-benefício de pequenos satélites e acessibilidade ao espaço, a fim de lançar suas próprias constelações, que certamente vão impactar negócios terrestres e extraterrestres”, ele continuou.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital