Nova espécie de jararaca é descoberta por pesquisadores da Paraíba

Por Flavia Correia, editado por Rafael Rigues 24/01/2022 16h33, atualizada em 26/01/2022 13h01
jararaca
Imagem: Assessoria de Comunicação do Governo da Paraíba
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Pesquisadores da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba, em parceria com cientistas de outras instituições do Brasil, anunciaram a descoberta de uma nova espécie de jararaca. O estudo foi publicado na última terça-feira (18) pela Canadian Science Publishing, a maior editora canadense de periódicos científicos internacionais.

De nome científico Bothrops jabrensis, a “jararaca-do-jabre” foi encontrada em 2016, durante pesquisa de campo de uma equipe do Laboratório de Herpetologia da UFCG sobre a biodiversidade de anfíbios e répteis no Pico do Jabre, ponto culminante da Paraíba, com 1.197 metros de altitude e localizado no município de Matureia.

A descoberta da B. jabrensis revelou um novo capítulo na história evolutiva das jararacas. Foto: Marcos Freitas via O Eco

“Achamos o encontro com a espécie inusitado, pois ela foi descoberta na vegetação. Entramos em contato com um amigo, Marco Antonio Freitas, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que é especialista em jararacas, e ele imediatamente reconheceu que estes indivíduos diferiam de outras espécies brasileiras e, a partir daí, entramos em contato com Fausto Barbo e Felipe Grazziotin, especialistas em jararacas do Instituto Butantan, e com Gentil Pereira, especialista em taxonomia de serpentes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Foi quando começamos o desenvolvimento da escrita do trabalho”, explica o professor Marcelo Kokubum, em entrevista ao site Paraíba Online.

Leia mais:

Instituto Butantan confirma nova espécie de jararaca

Segundo ele, a espécie é distinguível morfologicamente principalmente pelo número de escamas e pela coloração. Também apresenta hábitos arborícolas (vive em árvores) e está presente em uma localidade longe das demais espécies mais relacionadas (espécies-irmãs) de jararacas de ambientes florestais.

Uma análise molecular, realizada no Butantan, apontou uma forte diferenciação genética da nova espécie em relação às outras jararacas. Após isso veio a confirmação, revelando a existência de uma linhagem filogenética anteriormente desconhecida que vem evoluindo como uma unidade independente há mais de 8 milhões de anos.

“Este estudo fortalece a importância da pesquisa científica para o conhecimento da biodiversidade da fauna e da flora da nossa Caatinga, uma vez que muitas novas espécies de organismos, incluindo possíveis fármacos ou substâncias, podem ser encontradas. Revela, também, a importância do financiamento científico. À época, tanto os alunos dos projetos de Iniciação Científica (Italo Társis de Sousa e José Henrique Lima) quanto da pós-graduação (Claudenice de Arruda e Ingrid Henriques) tinham bolsas para fazer pesquisa e eles foram fundamentais nessa descoberta”, destacou Kokubum.

Para o pesquisador, isso chama a atenção para a importância da preservação da biodiversidade na região. “Como outros enclaves de floresta úmida da Caatinga, o Pico do Jabre é constantemente ameaçado por caça e queimadas ilegais, desmatamento para fins agrícolas e extração ilegal de madeira”, disse Kokubum. “A distribuição restrita da jararaca-do-jabre sugere fortemente que esta espécie, recém-descoberta, já está criticamente ameaçada e provavelmente está se aproximando da extinção como uma população natural”.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital