Quando avistamos uma faixa iluminando o céu noturno no plano das constelações do zodíaco, logo depois do anoitecer ou pouco antes do amanhecer, estamos diante de um fenômeno conhecido como “luz zodiacal”, que se apresenta com uma forma indefinida, aparentando um cone inclinado. 

Luz zodiacal registrada no Machhapuchhare Base Camp, em Ghandruk, no Nepal. Imagem: Vadim Petrakov – Shutterstock

Seu brilho é causado pela incidência da luz em milhões de minúsculas partículas que faziam parte do disco protoplanetário – a nuvem rotativa de gás e poeira que orbitava ao redor do Sol no início da formação do nosso sistema solar. Essa nuvem formou planetas e asteroides, mas parte da poeira original foi deixada para trás.

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De acordo com uma pesquisa de uma equipe de astrônomos e estudantes do ensino médio da China, um fenômeno semelhante ocorre nos céus de pelo menos alguns exoplanetas potencialmente habitáveis. E isso pode ser mais uma pista para cientistas que procuram descobrir como esses mundos exóticos podem ser.

Equipe analisou 47 exoplanetas potencialmente habitáveis

“Se pudermos detectar a luz zodiacal de um sistema de planetas distante, então esse sistema provavelmente tem componentes como asteroides e cometas, que não podem ser facilmente detectados diretamente de outras maneiras”, disse o principal autor do estudo, Jian Ge, astrônomo do Observatório Astronômico de Xangai, durante uma coletiva de imprensa realizada virtualmente pela Sociedade Astronômica Americana. 

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Ge e sua equipe avaliaram 47 planetas alienígenas potencialmente habitáveis diferentes estudados pelo telescópio espacial Kepler, da Nasa, que encerrou as operações em 2018.

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Para analisar cada planeta, a equipe reuniu uma série de dados fornecidos por fontes como a missão Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), o Wide-field Infrared Survey Explorer (WISE) e o Spitzer Space Telescope, da Nasa, entre outros.

Esses dados ajudaram os pesquisadores a determinar quais sistemas planetários eram mais brilhantes em luz infravermelha – comprimentos de onda que sentimos como calor – do que eles poderiam esperar. Em seguida, a equipe verificou se outros fatores, como estrelas de fundo, poderiam ser os culpados. 

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Luz zodiacal pode ter aparências variadas de local para local

Por fim, o processo identificou três planetas onde os pesquisadores dizem que a luz zodiacal pode brilhar: Kepler-69c, Kepler-1229b e Kepler-395c, todos classificados como “super Terras”.

Exatamente o que os cientistas veriam na superfície desses mundos alienígenas provavelmente varia de planeta para planeta. 

Uma representação artística da luz zodiacal na superfície do planeta Kepler-1229 b. Imagem: SHAO/Yue Xu

Em relação ao Kepler-1229b, por exemplo, Ge diz que a luz zodiacal pode parecer “muito vermelha”. Kepler-69c, entretanto, pode ser um mundo “super Vênus”, maior que nosso vizinho, mas igualmente inóspito. “Podemos imaginar que a atmosfera e a superfície deste planeta se parecem com as de nosso Vênus”, disse Ge. “Pode ter um efeito estufa descontrolado em sua superfície, e a atmosfera pode ser espessa e quente, enquanto a superfície seria extremamente seca”.

Com apenas três candidatos entre 47 planetas, os pesquisadores não podem dizer que a luz zodiacal é uma visão particularmente comum em mundos potencialmente habitáveis, mas isso pode mudar quando os astrônomos puderem usar observações ainda mais aprimoradas. “Quando a sensibilidade melhora, podemos ver mais sistemas que têm emissões de poeira mais fracas”, disse Ge.

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