Problemas: segunda torre de lançamento do SLS da NASA gera preocupações

Agência espacial americana emitiu “carta de recomendações” para empresa contratada para a construção da segunda torre, que já está atrasada
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 28/01/2022 16h53, atualizada em 31/01/2022 09h39
Ilustração do foguete SLS, que será usado para lançar as missões do programa Artemis
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Uma segunda torre móvel de lançamento que será usada pelo Space Launch System (SLS), foguete que conduzirá parte das missões do Programa Artemis de retorno à Lua, vem causando preocupações à Nasa.

Batizada de ML-2, a segunda torre contará com um segundo estágio ainda maior que a primeira, o que faz com que ela não caiba no “lançador móvel” principal (ML-1). Sua construção está sob responsabilidade da Bechtel National, que venceu a licitação da NASA com um valor de US$ 383 milhões (R$ 2,06 bilhões) e entrega prevista para março de 2023. Em outras palavras: mais ou menos um terço do custo do lançador primário, e apenas metade do tempo disponível.

Leia também:

Imagem mostra esqueleto da segunda torre de lançamento do SLS, foguete da NASA
O suporte primário para começar a construção da segunda torre móvel de lançamento (ML-2) do SLS, o foguete da NASA que levará o homem de volta à Lua (Imagem: Bechtel/Divulgação)

Durante a apresentação do Aerospace Safety Advisory Panel (ASAP) da NASA, o engenheiro George Nield, que presta consultoria para a agência, disse que 90% das plantas desenhadas da estrutura estão atrasadas. “O Lançador Móvel 2 [nome da nova estrutura] encontrou alguns obstáculos” disse Nield. “A empresa contratada, Bechtel, tem enfrentado algumas dificuldades de performance, associadas à complexidade do projeto e a preocupações relacionadas a fornecedores, sem falar na COVID”.

Ou seja, por motivos vão desde má administração de calendário da Bechtel até a atual pandemia, a empresa recebeu o que a indústria chama de “segunda carta de preocupações” da NASA, na qual a agência pede que a contratada faça uma análise minuciosa de riscos e impedimentos do projeto, além de traçar um plano de correção e identificar oportunidades de redução de custos e minimizar “disrupções de agenda” com maior eficiência.

Segundo o documento, esse plano deve ser entregue à NASA na próxima terça-feira (1/2).

Isso tudo, fora a expectativa que já vem sendo gerada sobre uma auditoria do inspetor geral da NASA, marcada para o segundo semestre de 2022: “o Lançador Móvel 2 (ML-2) vai montar, processar, transportar e lançar a cápsula Orion e variantes maiores do foguete SLS a partir da missão Artemis IV”, disse o inspetor, via Twitter. “A nossa futura auditoria vai determinar se o ML-2 está dentro do custo, prazo e objetivos de performance”.

Uma estrutura como o Lançador Móvel 2, contudo, não é algo que se levante da noite para o dia: basicamente, estamos falando de uma torre que deve ser, ao mesmo tempo, forte o suficiente para resistir a uma ignição explosiva de um foguete do tamanho do SLS (108 metros em pé), mas também complexa a ponto de abastecer o veículo com combustível quando ele estiver ao chão. Por isso, não é tão inconcebível que sua construção encontre alguns “gargalos”.

Ainda assim, parece que a NASA não está gostando muito do fato da construção estar a) atrasada e b) provavelmente vá exceder – se já não excedeu – o orçamento.

A Bechtel não comentou as informações divulgadas.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!

Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital