A NASA não tem astronautas suficientes para contemplar todos os seus projetos de exploração do espaço, de acordo com levantamento feito pela divisão de investigação da própria agência. Segundo o documento, a administração espacial norte-americana precisará recrutar mais candidatos se quiser ter sucesso em missões interplanetárias.

O relatório foi produzido levando em consideração o avanço de projetos mais grandiosos – como o Programa Artemis que levará o homem de volta à Lua até 2024 ou, mais para frente, a chegada de uma tripulação humana a Marte.

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Imagem de um astronauta pousando na Lua
Missões futuras da NASA envolvem o envio de astronautas de volta à Lua e até a Marte, mas atual contingente de tripulantes da agência espacial é pequeno demais para projetos grandiosos, sugerindo a necessidade de maior recrutamento (Imagem: Castleski/Shutterstock)

Atualmente, as únicas missões tripuladas da NASA são aquelas rumo à Estação Espacial Internacional (ISS). Lá, a agência mantém uma presença constante com uma tripulação rotativa de três viajantes. Entretanto, o avanço das tecnologias e programas de exploração espacial devem forçar a agência espacial a abrir mais vagas para candidatos a viajantes interplanetários.

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“Após atingir o seu pico de quase 150 astronautas no ano 2000, o tamanho do corpo de viajantes diminuiu com o fim dos ônibus espaciais, em 2011, agora marcando 44 tripulantes – um dos menores conjuntos nos últimos 20 anos”, diz trecho do relatório divulgado na última terça-feira (11).

“Conforme a NASA entra em uma nova era de voos humanos ao espaço, incluindo o retorno à Lua e, eventualmente, o pouso em Marte, o gerenciamento eficaz de seu corpo de astronautas — as pessoas que voam em suas missões espaciais — será essencial para o sucesso da agência”, o documento afirma.

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É importante ressaltar que, embora o termo “astronauta” evoque a percepção de ”viajar para o espaço”, o termo é bem mais abrangente em suas funções, incluindo também especialistas de comunicação que ficam aqui na Terra, mas em constante contato com sondas e outros veículos autônomos. Basicamente, qualquer pessoa aprovada no treinamento “para astronautas” é, por definição, um astronauta – ainda que ele ou ela não necessariamente faça uma viagem tripulada.

O problema é que, desde meados de 2011, com o fim do programa que criou os ônibus espaciais, a NASA tem visto, em média, cerca de 10 astronautas se aposentando todo ano. Os ônibus espaciais eram, até então, a principal oportunidade de viajar para o espaço e, com o fim do programa, as possibilidades de voo foram ficando mais e mais escassas: as viagens à ISS obedecem a parâmetros bastante específicos, e levam apenas um número limitado de pessoas.

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Há ainda um outro fato levantado pelo relatório: os astronautas não são substituíveis. As decisões que levam um astronauta “X” a ser convocado para um voo “Y” são baseadas em fatores que consideram desde a experiência de voo daquela pessoa, até seu campo de estudo e até mesmo a sua familiaridade com o veículo a levá-lo na viagem. Isso, contudo, ficará ainda mais complicado conforme os mesmos astronautas voam em diferentes tipos de missões.

“Com um volume [de astronautas] assinalado para uma única missão, como é hoje com a ISS, o Escritório de Astronautas da NASA está em uma posição de rapidamente remanejar seus astronautas, pois todos os seus 44 oficiais já foram selecionados e treinados para a mesma missão”, diz o relatório. “Contudo, conforme a agência aceita novas missões, com novas necessidades e novos veículos, menos astronautas estarão treinados e disponíveis para cada uma delas”.

Na última chamada para seleção de astronautas, em dezembro de 2021, 10 candidatos foram selecionados e vão agora começar o treinamento físico — que dura cerca de dois anos. O curso anterior, em janeiro de 2020, formou 11 candidatos. No caso de missões para a ISS, o treinamento após a formação do curso costuma durar cerca de 18 meses, e os graduados mais recentes já estão na estação: Raja Chari e Kayla Barron.

Trocando em números: a classe mais recentemente formada provavelmente não vai voar antes de 2025.

Foto mostra 12 candidatos formados no curso da NASA para novos astronautas
Os 10 candidatos a astronautas aprovados no curso mais recente da NASA, além de dois representantes dos Emirados Árabes: todos eles agora serão encaminhados ao treinamento físico de formação (Imagem: NASA/Divulgação)

No caso do Programa Artemis, o tempo de treino é mais ou menos o mesmo, mas embora a NASA já tenha determinado quais astronautas trazer para a primeira missão, ela ainda não determinou os assentos a serem ocupados por eles, nem tampouco desenvolveu o treinamento específico para as missões na Lua. Ou seja, o entendimento do relatório é o de que o tempo está passando.

“Embora o Escritório de Astronautas estime que o treinamento para a missão Artemis 3 e todas as subsequentes leve em torno de dois anos, mesmo com os atrasos já esperados para os lançamentos das missões Artemis 2 e Artemis 3, a agência pode estar superestimando a disponibilidade de tempo e implementação na necessária grade de treino por todos os sistemas essenciais do Programa Artemis”, diz o texto.

Com base nessas conclusões, o relatório fez uma série de recomendações, como ampliar o leque demográfico de pesquisa de candidatos – a fim de incluir outras especializações (por exemplo: pessoas com formação em Geologia, para missões que vão tocar a superfície de outro planeta – atualmente, somente quatro dos 44 astronautas no quadro entendem do assunto).

A administradora associada de operações espaciais da NASA, Kathy Lueders, recebeu o relatório e, em comentário oficial, disse que a agência concorda com todas as recomendações feitas e tem intenção de executá-las “em novembro”, sem dizer se a estimativa é “a partir de” ou “até” o fim deste ano – o que dá uma grande variação de tempo.

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