O caso aconteceu ontem na parte leste da Síria. De acordo com oficiais dos EUA entrevistados pela CNN, três aviões russos foram interceptados por caças americanos e escoltados para fora do espaço aéreo restrito da Coalizão Global, grupo de aliados dos EUA criado para enfrentar o Estado Islâmico.

Os aviões eram um cargueiro e dois bombardeiros Tupolev Tu-22. Esses são bombardeiros da era soviética, supersônicos produzidos entre 1960 e 1969, que continuam a ser operados pela Rússia. Os russos partiram do Iraque e voaram sobre o leste da Síria, ocupado por forças pró-americanas, em direção à parte oeste, onde o governo Assad ainda mantém controle.

A Rússia também está envolvida no conflito, mas com sua própria aliança com o governo sírio de Bashar al-Assad, o Iraque e dois dos inimigos mais figadais dos EUA: o Irã e o Hezbollah – partido político religioso libanês pró-Irã, com forças armadas próprias, considerado grupo terrorista pelos países ocidentais. É a chamada aliança 4+1, quatro países e o partido.

Segundo os americanos, os russos avisaram de sua intenção de atravessar o espaço, mas fizeram isso muito em cima da hora. A torre da coalizão americana então avisou que precisavam de dar um aviso com mais tempo, mas os russos disseram que iriam prosseguir. Assim, os caças americanos partiram da base, abordaram os russos, e os escoltaram pra fora de seu espaço aéreo.

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Americanos e russos já mataram civis por invasão de espaço aéreo

É um procedimento não amigável, mas não violento, que acontece com frequência entre países não aliados. É como uma abordagem policial pacífica.

Mas às vezes termina em morte, quando o lado abordado não consegue se comunicar ou não reage com prontidão. Isso aconteceu, infamemente, em 1983, com um Boeing 747 abatido pela União Soviética ao ser confundido com um avião militar. Mas é bem mais comum que ataques assim partam do solo, como em 1988, quando americanos derrubaram um Airbus A-300 civil iraniano, ou em 2020, quando iranianos derrubaram um Boeing 737 indo de Kiev, Ucrânia, para sua capital Teerã, porque acharam que era um míssil americano.

O contexto desta abordagem hostil é a tensão gerada pelas forças russas na fronteira com a Ucrânia, com uma ameaça de que elas possam invadir o país. A última notícia foi que Putin recuou, mas a história ainda não está encerrada. Os russos não passavam sobre esse espaço aéreo desde maio de 2021. Desconfia-se que o destino final possa ser a Ucrânia, não a Síria.

Imagem: JetKat/Shutterstock

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