Por que o buraco negro da Via Láctea pisca? O telescópio James Webb vai tentar descobrir

Lançado no Natal de 2021, telescópio tem conjunto de espelhos que lhe permitem enxergar não só mais longe, mas com muito mais detalhes
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 22/02/2022 16h50, atualizada em 23/02/2022 10h04
Telescópio Espacial James Webb
Imagem: Nasa/Divulgação
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O buraco negro supermassivo ao centro da Via Láctea — chamado Sagittarius A* — pisca. O problema: nós não sabemos o motivo. Mas para isso temos o telescópio espacial James Webb, lançado no Natal de 2021 e que, com sorte, poderá encontrar a resposta para esse enigma.

Não que ele esteja sozinho nessa empreitada: o James Webb contará com a ajuda do telescópio Event Horizon (EHT), que consiste em oito radiotelescópios instalados na superfície da Terra.

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O Sagittarius A* - o buraco negro supermassivo presente no centro da Via Láctea - tem por hábito "piscar" de hora em hora, o que dificulta sua observação: o telescópio James Webb pode ajudar a resolver isso
O Sagittarius A* – o buraco negro supermassivo presente no centro da Via Láctea – tem por hábito “piscar” de hora em hora, o que dificulta sua observação: o telescópio James Webb pode ajudar a resolver isso (Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução)

A razão para isso é simples: embora nós não tenhamos ideia do motivo pelo qual isso acontece, o fato do buraco negro da nossa Via Láctea “piscar” nos impede de estudá-lo em mais detalhes. Esses pulsos ocorrem mais ou menos de hora em hora, e esses intervalos tornam difícil criar uma imagem mais realista dele.

É nisso que entram os dois telescópios: de um lado, o James Webb têm um conjunto de espelhos com funções bem intrínsecas de leitura de luz — não só a imensas distâncias, como também por vários espectros. De outro, o EHT foi o responsável pela imagem do M87*, a primeira foto real de um buraco negro, tirada em 2019.

Segundo um comunicado divulgado por oficiais de operação do James Webb, o M87*, embora mais longe, tem uma natureza mais estável, por isso ele foi mais simples de ser registrado:

“O núcleo do M87* é um alvo mais fixo. O Sagittarius A* exibe esses pulsos a cada hora, o que torna o processo de geração e processamento de imagem muito mais complicado”, disseram os oficiais. “Por isso, o James Webb vai auxiliar [a pesquisa] com suas próprias imagens infravermelhas da região ao redor do buraco negro, capturando dados de quando os pulsos ocorrerem, os quais serão uma referência inestimável para o time do EHT”.

De uma forma bem resumida: o James Webb ficará posicionado em uma área onde poderá investigar o buraco negro da Via Láctea por duas faixas de emissão infravermelha, sem o risco de luzes “perdidas” atrapalharem a leitura. Paralelamente, o EHT continuará seu monitoramento de rádio. A ideia é que ambos os formatos se complementem e formem uma imagem mais nítida do objeto em questão.

“Nós queremos saber como o universo funciona, pois somos uma parte do universo. Buracos negros podem trazer pistas para algumas dessas grandes questões”, disse o investigador principal do estudo, Farhad Yusef-Zadeh, que também é astrofísico da Universidade Northwestern, em Illinois.

Claro, isso ainda deve levar um tempo para começar: no presente momento, o James Webb está passando por um período de adaptação e refrigeração. De um lado, seus espelhos estão reduzindo sua temperatura ao nível mais baixo possível e, de outro, engenheiros da NASA e da ESA estão fazendo ajustes finos e testes em todos os seus componentes. O telescópio só deve começar a trabalhar em meados deste ano.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital