O buraco negro supermassivo ao centro da Via Láctea — chamado Sagittarius A* — pisca. O problema: nós não sabemos o motivo. Mas para isso temos o telescópio espacial James Webb, lançado no Natal de 2021 e que, com sorte, poderá encontrar a resposta para esse enigma.

Não que ele esteja sozinho nessa empreitada: o James Webb contará com a ajuda do telescópio Event Horizon (EHT), que consiste em oito radiotelescópios instalados na superfície da Terra.

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O Sagittarius A* - o buraco negro supermassivo presente no centro da Via Láctea - tem por hábito "piscar" de hora em hora, o que dificulta sua observação: o telescópio James Webb pode ajudar a resolver isso
O Sagittarius A* – o buraco negro supermassivo presente no centro da Via Láctea – tem por hábito “piscar” de hora em hora, o que dificulta sua observação: o telescópio James Webb pode ajudar a resolver isso (Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução)

A razão para isso é simples: embora nós não tenhamos ideia do motivo pelo qual isso acontece, o fato do buraco negro da nossa Via Láctea “piscar” nos impede de estudá-lo em mais detalhes. Esses pulsos ocorrem mais ou menos de hora em hora, e esses intervalos tornam difícil criar uma imagem mais realista dele.

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É nisso que entram os dois telescópios: de um lado, o James Webb têm um conjunto de espelhos com funções bem intrínsecas de leitura de luz — não só a imensas distâncias, como também por vários espectros. De outro, o EHT foi o responsável pela imagem do M87*, a primeira foto real de um buraco negro, tirada em 2019.

Segundo um comunicado divulgado por oficiais de operação do James Webb, o M87*, embora mais longe, tem uma natureza mais estável, por isso ele foi mais simples de ser registrado:

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“O núcleo do M87* é um alvo mais fixo. O Sagittarius A* exibe esses pulsos a cada hora, o que torna o processo de geração e processamento de imagem muito mais complicado”, disseram os oficiais. “Por isso, o James Webb vai auxiliar [a pesquisa] com suas próprias imagens infravermelhas da região ao redor do buraco negro, capturando dados de quando os pulsos ocorrerem, os quais serão uma referência inestimável para o time do EHT”.

De uma forma bem resumida: o James Webb ficará posicionado em uma área onde poderá investigar o buraco negro da Via Láctea por duas faixas de emissão infravermelha, sem o risco de luzes “perdidas” atrapalharem a leitura. Paralelamente, o EHT continuará seu monitoramento de rádio. A ideia é que ambos os formatos se complementem e formem uma imagem mais nítida do objeto em questão.

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“Nós queremos saber como o universo funciona, pois somos uma parte do universo. Buracos negros podem trazer pistas para algumas dessas grandes questões”, disse o investigador principal do estudo, Farhad Yusef-Zadeh, que também é astrofísico da Universidade Northwestern, em Illinois.

Claro, isso ainda deve levar um tempo para começar: no presente momento, o James Webb está passando por um período de adaptação e refrigeração. De um lado, seus espelhos estão reduzindo sua temperatura ao nível mais baixo possível e, de outro, engenheiros da NASA e da ESA estão fazendo ajustes finos e testes em todos os seus componentes. O telescópio só deve começar a trabalhar em meados deste ano.

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