Liderada por um carismático influenciador digital, uma agência de design em Londres, na Inglaterra, atraía pessoas para entrevistas de emprego e reuniões virtuais alegando se tratar de uma “empresa global centrada no ser humano”. O que as vítimas não sabiam, no entanto, era que a startup, intitulada Madbird, era 100% falsa, incluindo as pessoas listadas como participantes nas videochamadas. A ideia por trás do golpe era fazer empregados reais trabalharem de graça por meses, mantendo aqueles na esperança de ganhar um salário após completar grandes projetos.

As informações envolvendo o caso da startup falsa foram reveladas por uma reportagem da BBC na última segunda-feira (21). De acordo com a emissora britânica, o fundador da Madbird, Ali Ayad, fez de tudo para criar a ilusão de que a agência era uma iniciativa bem-sucedida e moderna no centro de Londres.

Funcionários fantasmas foram relacionados nas videochamadas, alguns com emails ativos e perfis no Linkedin, e sêniores foram listados no site da startup. As imagens dos trabalhadores, no entanto, haviam sido roubadas de sites de redes sociais, assim como a foto do co-fundador da Madbird, “Dave Stanfield”, aparentemente pertencente a um fabricante de colmeias em Praga (República Tcheca). “Quando localizamos Michal [Kalis, dono da verdadeira foto], ele confirmou que nunca havia tinha ouvido falar de Madbird, Ali Ayad ou Dave Stanfield”, detalha a reportagem.

Descobriu-se ainda que o suposto endereço da Madbird se tratava de um bloco de apartamentos residenciais no oeste de Londres e que os documentos de pitching (apresentação) da startup haviam sido roubados de uma empresa de design também com sede na capital inglesa. Mesmo um anúncio de revista com o rosto do fundador, na verdade, fora forjado no Photoshop.

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Ali Ayad, proprietário da startup falsa Madbird
Ali Ayad: fundador da startup Madbird tinha mais de 90 mil seguidores no Instagram (Reprodução/Instagram)

Startup fez vítimas em mais de 3 continentes

Segundo a BBC, a Madbird contratou mais de 50 funcionários. A maioria trabalhava em vendas, mas também foi contratado pessoal para as áreas de design e administração. Todos os colaboradores foram instruídos a trabalhar de casa, em que o fluxo de tarefas era organizado por mensagens de email e conversas no Zoom.

Boa parte das pessoas morava no Reino Unido, mas o departamento de recurso humanos da startup chegou a publicar anúncios de emprego para uma equipe de vendas com sede em Dubai. Desta forma, pessoas de Uganda, Índia, África do Sul, Filipinas e outros países foram trazidas para a operação. Para essas, o trabalho significava mais do que um salário, mas também uma oportunidade de obter um visto no Reino Unido.

O fundador da startup falsa, Ali Ayad, se dizia um ex-designer criativo da Nike, além de “influenciador digital” — sua conta no Instagram (agora desativada) tinha mais de 90 mil seguidores. Para manter os funcionários no golpe, Ayad enviava emails de motivação. “Elon Musk trabalha 16 horas por dia, mas estou tentando 17!”, escreveu.

A ideia era que, depois de seis meses, o que era considerado um período de experiência, os funcionários recebessem um salário de US$ 47.300 (o equivalente a cerca de R$ 239 mil). No entanto, nenhuma pessoa ligada à empresa recebeu um centavo.

Via BBC

Crédito da imagem principal: Reprodução/BBC

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