Em uma atualização de status entregue na última terça-feira (1), o inspetor geral da NASA, Paul Martin, não economizou críticas à agência e a seus parceiros comerciais em relação ao desenvolvimento do programa lunar Artemis, que ambiciona levar o homem de volta à Lua — um feito que não realizamos desde a década de 1970.
De acordo com a atualização, o programa inteiro está não só amplamente atrasado, mas também seu orçamento bilionário já foi bastante ultrapassado. Segundo Martin, boa parte dessa culpa recai sobre a Boeing.
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Explicando: a Boeing e a Lockheed Martin foram contratadas pela NASA para desenvolver duas partes importantes do programa lunar Artemis — o foguete SLS (Space Launch System) e a cápsula Orion. Embora esse plano permaneça sem alteração, Martin entende que as empresas não estão se dedicando como deveriam.
“Um dos problemas que vimos no desenvolvimento do SLS e da Orion — claro, é um desenvolvimento desafiador, sem sombra de dúvidas — foi um desempenho ruim por parte da Boeing”, disse o inspetor geral.
Entretanto, Martin entende que esses problemas começaram internamente, afirmando que o “planejamento e execução ruins” fizeram com que tudo — desde a primeira licitação do programa — funcionassem em vantagem das empresas contratadas, ao invés de a favor da NASA.
“[Por isso] o desenvolvimento do SLS já custa bilhões a mais do que o orçamento e está anos atrasado em seu cronograma”, disse o executivo.
Segundo uma atualização da própria NASA, publicada em seu blog em 2020, foguete SLS já tem custo de US$ 9,1 bilhões (R$ 46,96 bilhões). Mas isso é apenas para a parte técnica. Segundo Martin, quando tudo estiver pronto, cada voo em direção à Lua custará US$ 4,1 bilhões (R$ 21,16 bilhões). Leve isso em consideração quando lembrar que, antes da primeira missão tripulada (que, a NASA admite, pode ficar para 2026), teremos pelo menos duas missões sem astronautas, para mostrar a confiabilidade e funcionamento do SLS.
A NASA, no entanto, conta com algumas salvaguardas para seu programa lunar: a mais evidente é a contratação da SpaceX. A empresa de Elon Musk vem há anos desenvolvendo a espaçonave Starship, e a agência espacial norte-americana a contratou como uma espécie de “backup”.
A vantagem dessa abordagem é a de que a Starship deve passar pelo seu primeiro teste completo entre abril e maio de 2022 e, segundo Musk, cada lançamento dela custará uma fração dos preços estipulados pela NASA para o SLS.
Tudo vai depender do quão bem a NASA vai conseguir “vender seu peixe” no Congresso dos Estados Unidos. A classe política do país já está com olhos críticos para o projeto e, eventualmente, a agência precisará pedir pela aprovação de mais dinheiro público para o programa. Não exatamente a mais fácil das tarefas.
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