Em protesto contra a invasão da Rússia à Ucrânia, a Alemanha decidiu interromper toda a cooperação científica com o país governado por Vladimir Putin. Isso inclui o desligamento de um telescópio espacial de raios-X alemão que é o maior responsável por mapear de buracos negros no universo.
Construído pelo Instituto Max Planck de Física Extraterrestre (MPE), o instrumento de caça a buracos negros eROSITA foi lançado em 2019 do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, como parte do observatório espacial russo-alemão Spectrum-Roentgen-Gamma (Spektr-RG), que também conta com o telescópio russo ART-XC. A missão foi financiada em conjunto pelo Centro Aeroespacial Alemão (DLR) e pela agência espacial russa Roscosmos.
Na quarta-feira (2), um porta-voz do Instituto Max Planck revelou ao site Space.com, por e-mail, que o telescópio foi “colocado em modo de segurança durante o contato terrestre no sábado, 26 de fevereiro”.
A medida vem depois que o Ministério da Educação e Pesquisa da Alemanha anunciou, na sexta-feira (25), que toda a cooperação existente e de longa data em ciência e pesquisa com a Rússia seria imediatamente interrompida, o que foi confirmado nesta quinta-feira (3) pela DLR em comunicado.
“À luz da agressão contra a Ucrânia, o Conselho Executivo da DLR decidiu parar a cooperação em projetos em andamento e planejados”, diz o comunicado. “Não serão realizados novos projetos e iniciativas com instituições de pesquisa russas”.
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Alemanha é o maior contribuinte do orçamento da ESA
A Alemanha já trabalhou anteriormente com a Rússia na missão Bion M, que enviou ao espaço 45 ratos e várias espécies de lagartos, peixes e caracóis em uma viagem espacial de um mês, em 2013. Os dois países também atuaram juntos no desenvolvimento de tecnologias robóticas para exploração espacial.
A questão mais significativa, talvez, seja o fato de que a Alemanha é o maior contribuinte para o orçamento da Agência Espacial Europeia (ESA), que faz parte da parceria da Estação Espacial Internacional (ISS) que inclui Rússia, Japão e EUA.
No momento, o astronauta alemão da ESA Matthias Maurer está a bordo do posto avançado orbital juntamente com os cosmonautas russos Pyotr Dubrov e Anton Shkaplerov. A tripulação também conta com os astronautas da Nasa Kayla Barron, Mark Vande Hei, Raja Chari e Thomas Mashburn.
Embora a parceria da ISS tenha sido considerada acima dos entraves geopolíticos, a rápida escalada da agressão russa contra a Ucrânia levantou questões sobre o futuro do laboratório orbital. A Rússia já havia anunciado anteriormente que não planejava cooperar com os países ocidentais em futuros esforços de exploração espacial além da ISS, mas, por enquanto, a participação na estação espacial continua inalterada.
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