Na madrugada de ontem, os russos bombardearam um prédio que faz parte do complexo da usina nuclear de Zaporizhzhia (Zaporíjia), em Enerhodar, sul da Ucrânia. Essa foi a primeira vez que uma guerra foi travada tão próxima a uma usina nuclear, e o ato foi condenado internacionalmente, mas qual o risco real dessa ação militar?

Acidente nuclear na usina Zaporizhzhia seria o “fim da Europa”? Não, dizem os especialistas

O temor inicial era que explosivos atingissem um dos reatores da usina, e causassem um desastre nuclear de grandes proporções. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, chegou a declarar que o incidente podia marcar o “fim da Europa”, e seu ministro das relações exteriores, Dmytro Kuleba, disse que “se (a usina) explodisse, (o acidente) seria 10 vezes maior do que Chernobyl”.

Essa comparação simplesmente não procede, já que a Zaporizhzhia é uma usina nuclear mais moderna e mais segura do que a de Chernobyl. Os reatores de Chernobyl eram RBMK, moderados com água e blocos de grafite, enquanto os reatores da usina Zaporizhzhia usam a tecnologia VVER, com moderação de água, considerado muito mais seguro por especialistas.

O especialista em usinas nucleares, Mark Nelson, comentou a comparação do ministro com Chernobyl no Twitter, chamando ela de “totalmente absurda”. Nas suas palavras, “se os sensores sísmicos tivessem sido acionados por ogivas ou bombas, os reatores que são de um design bem diferente, começariam a se desligar automaticamente.”

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Além disso, ele conta que os “domos de contenção ao redor dos reatores são extremamente fortes. Eles não serão afetados por armas leves ou fogo moderado de armas mais pesadas.” Para Nelson, “a preocupação seria uma interrupção nos procedimentos de resfriamento da usina depois que os reatores estivessem desligados”.

Mesmo assim, ele diz que se isso acontecer, será algo que vai durar “muito mais tempo do que o evento de explosão de Chernobyl”. De qualquer forma, o momento está longe de ser tranquilo. Até ontem a situação seguia “extremamente tensa e desafiadora”, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (International Atomic Energy Agency ou IAEA).

Ucrânia pode ter retomado o controle da usina Zaporizhzhia

Segundo uma declaração de Vadim Denisenko, conselheiro do ministro de assuntos internos da Ucrânia, o controle da usina teria sido retomado pelo exército ucraniano.

Não conseguimos confirmar a veracidade dessa informação, assim, ela pode ser apenas uma forma que o funcionário do governo da Ucrânia encontrou para motivar a população. De qualquer forma, os funcionários ucranianos da usina seguiram trabalhando ontem, mesmo sob a ocupação do exército russo.

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Fonte: CNN

Imagem: Ihor Bondarenko (Shutterstock)

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