Se as flores falassem, as vozes neste Dia Internacional das Mulheres seriam de indignação. Afinal, apesar da presença feminina representar 51% dos novos negócios no país, apenas 2,7% do total investido em venture capital foram para empreendimentos sob gestão delas, segundo dados de 2019 da Fortune. No entanto, as startups em setores predominantemente masculinos, como tecnologia, inovação e serviços, já estão recebendo cada vez mais iniciativas coordenadas por mulheres. Exemplo de uma luta incessante rumo a igualdade no mercado de trabalho.  

Empreendimentos de sucesso 

Se os dados ainda são desiguais, inúmeras mulheres intensificam suas rotinas indo na contramão do mercado de trabalho, fazendo acontecer em empreendimentos de sucesso, como no caso das startups Whatslly, Movile e Sympla, que contam com mulheres brasileiras assumindo funções, por vezes globais, de alta liderança em quadros executivos.

Deborah Palacios Wanzo é cofundadora da Whatslly, uma startup israelense que conecta o WhatsApp ao Salesforce. Fundada em sociedade com Yanir Calisar, que fica em Israel, a executiva lidera a expansão global da marca. 

“Eu tenho uma carreira que começou em áreas como varejo e bens de consumo, e tem sido uma descoberta, a experiência de ser uma mulher empreendedora que assume a liderança de uma empresa de tecnologia. São vivências no dia a dia dos negócios que só quem é mulher sabe. Nesse sentido, é também uma responsabilidade e um presente poder fazer isso e representar o universo feminino nas áreas de negócios, tecnologia e inovação”, conta Wanzo.

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A Sympla, startup brasileira que se tornou líder no ramo de venda de tickets e gestão de eventos na internet, também tem uma liderança feminina. Tereza Santos é a CEO do maior marketplace de eventos do Brasil. Uma conquista de anos de muita determinação, passando por várias funções antes de assumir a gestão.

“É muito comum que vejamos no setor de tecnologia, assim como no de eventos, uma liderança composta em sua maioria por homens, então me orgulho muito em ser mulher, mãe e CEO de uma empresa com o porte da Sympla. É muito importante que nós mulheres cada vez mais conquistemos nosso espaço nesses mercados, e que mostremos que somos tão capazes quanto eles de gerir uma empresa de tecnologia com muito espaço para as mulheres crescerem nas áreas de inovação, tecnologia e cultura”, diz. 

Tereza Santos
Tereza Santos é a CEO do maior marketplace de eventos do Brasil: uma conquista de anos de muita obstinação e superações para conciliar as vidas profissional e pessoal. Imagem: Arquivo pessoal

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Desafios no mercado de trabalho 

A presença feminina em cargos de liderança está cada vez maior no mercado de trabalho, mas tudo é fruto de anos e anos de uma busca marcada por superações e muita disciplina para conciliar as rotinas profissional e pessoal. 

Para Isadora Gabriel, diretora de HR Operations na Movile, uma investidora de longo prazo em empresas de tecnologia na América Latina, ser mulher no século XXI é um desafio, mas também um verdadeiro privilégio.

“Tantas outras mulheres já lutaram para que a nossa sociedade tenha dado passos importantes na agenda de equidade de gênero, que me sinto otimista com o que podemos construir pela frente. Temos referências cada vez mais fortes, de mulheres realmente inspiradoras, e não me refiro apenas aquelas do mundo corporativo, mas às muitas mulheres batalhadoras, que são mães, que muitas vezes sustentam suas casas sozinhas, são o pilar fundamental de suas famílias, educam seus filhos e filhas, e ainda fazem o bem para a comunidade ao seu redor. Todas nós, mulheres, mas também a sociedade em geral, tem uma missão diária de preparar as próximas gerações no caminho da inclusão, da equidade e da justiça”, reflete a executiva.

Mesmo tendo presença marcante nos empreendimentos, as mulheres ainda enfrentam muitas dificuldades para conseguirem investimentos em startups que atuam em tecnologia. Imagem: fizkes/Shutterstock

Diversidade é peça chave

Natália Yuki, diretora de Estratégia e Operações da Turing, uma startup de recrutamento de desenvolvedores que atuam para grandes empresas nos Estados Unidos, ter um ambiente de trabalho diverso e que permita uma troca intercultural é um fator chave para impulsionar a presença feminina nas organizações.

“A diversidade também foi uma característica da Turing que chamou minha atenção. Os fundadores são da Índia, a empresa está sediada nos EUA e temos membros de equipe de todo o mundo. Na equipe de liderança, encontramos pessoas como eu, mas também pessoas da China, Índia, EUA, Croácia e assim por diante, e para uma startup, isto é incrivelmente diversificado. Acredito que o fato de me aventurar e não enxergar fronteiras me ajudou a ter a vida que eu queria e não me deixar definir pela minha raça, gênero, geografia ou qualquer outra categoria”, afirma Yuki. 

Assim, a representatividade feminina vem crescendo na mesma intensidade em que elas desempenham suas funções, sempre com maestria e dedicação ao extremo, demonstrando que quanto menos houver diferenças na arte de empreender, maiores serão as conquistas em prol da sociedade e do bem viver. 

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