Está cada vez mais tensa a situação entre os EUA e a Rússia desde que o presidente Vladimir Putin declarou guerra à Ucrânia, no último dia 24. Líderes de várias nações ocidentais, incluindo o presidente americano Joe Biden, impuseram uma série de sanções econômicas a Moscou, além de relações comerciais e científicas terem sido cortadas. 

Esta semana, o clima entre Dmitry Rogozin, chefe da Roscosmos, agência espacial russa, e o ex-astronauta da Nasa Scott Kelly pegou fogo no Twitter, com troca de farpas e acusações.

Garrett Reisman é um ex-astronauta da Nasa que trabalhou posteriormente com Elon Musk, na SpaceX. Segundo ele, o chefe da agência espacial russa está minando as últimas fontes de recursos do país com suas atitudes. Imagem: Arquivo pessoal – Flickr

Kelly não é o único veterano da agência espacial norte-americana a se posicionar publicamente contra Rogozin. Garrett Reisman, que, em 2008, voou a bordo do ônibus espacial Endeavour para uma estadia de 95 dias na Estação Espacial Internacional (ISS), entre outras missões, também usa com frequência seu perfil no microblog para alfinetar o russo.

“Rogozin sempre foi um tolo. Só que agora ele realmente fere mortalmente a Roscosmos e termina uma das poucas fontes de moeda restantes para a Rússia”, tuitou Reisman no domingo (6), em russo.

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“Tenha isso em mente quando seu caixa eletrônico estiver vazio. Ele vai precisar de um trampolim em breve”, disse o ex-astronauta, que é atual conselheiro da SpaceX, onde trabalhou de 2011 a 2018 como diretor de operações espaciais. A indireta do trampolim refere-se a uma piada notória feita por Rogozin em 2014, quando a Rússia também foi alvo de sanções aplicadas pelos EUA, em razão da crise com a Ucrânia. “Depois de analisar as sanções contra nossa indústria espacial, sugiro aos EUA que levem seus astronautas à Estação Espacial Internacional usando um trampolim”, tuitou na ocasião.

Rogozin tem o hábito de fazer comentários tempestuosos e repetidamente atacar a comunidade internacional ao longo dos anos. Mais recentemente, ele afirmou que a Roscosmos estava sendo injustamente alvo de novas ondas de sanções resultantes da invasão das tropas russas à Ucrânia este ano.

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Ele chegou ao ponto de aparentemente ameaçar os EUA com a queda da ISS, bem como outros países. “Se você bloquear a cooperação conosco, quem salvará a ISS de desordenar e cair nos Estados Unidos ou na Europa? Há também a opção de cair uma estrutura de 500 toneladas na Índia e na China. Quer ameaçá-los com essa perspectiva? A ISS não sobrevoa a Rússia, então todos os riscos são seus. Você está pronto para eles?”, escreveu ele no Twitter. 

Rogozin sugeriu, na época, que os países planejassem melhor a imposição de sanções. “Para evitar que suas sanções caiam sobre sua cabeça. E não só em um sentido figurativo”.

No último fim de semana, a agência de notícias estatal russa RIA Novosti publicou um vídeo do laboratório orbital se desfazendo após a saída de cosmonautas russos, em uma clara ameaça de Rogozin à ISS e a toda a cooperação espacial entre a Rússia e os EUA que levaram à construção e operação do posto avançado.

Em suma, Rogozin está ativamente enterrando qualquer boa vontade que a Roscosmos havia sinalizado, potencialmente cortando a organização de quaisquer colaborações futuras com parceiros internacionais.

E isso tem deixado a agência em apuros, a ponto de Rogozin ter que recorrer a cortar seu próprio salário, bem como o de outras figuras importantes, significativamente.

Segundo o site Futurism, só o tempo dirá se a Roscosmos será capaz de recolher seus caquinhos quando (e se) a poeira baixar.

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